Compra foi feita por Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e aliado de Bolsonaro. Suspeitos serão ouvidos, terça-feira (5), sobre contrato firmado pelo ex-diretor-geral da PRF, que está preso. Há suspeita de irregularidades na contratação da Combat Armor, de uma apoiador de Donald Trump
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se encerrou há 9 meses, mas deixou rastro de corrupção e desmantelo.
O MPF (Ministério Público Federal), no Rio de Janeiro, vai ouvir nesta terça-feira (5), os integrantes da comissão de licitação que aprovou a compra de blindados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Esses servidores foram os responsáveis por analisar e aprovar o contrato que, há cerca de um mês, passou a ser alvo de investigação criminal. Entre as possíveis inconsistências, está a falta de justificativa para a compra dos chamados “caveirões” em regime de urgência.
A PRF comprou os veículos blindados da empresa Combat Armor, que pertence a apoiador do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
No último dia 24 de agosto, a Justiça determinou a inspeção de 14 desses veículos. Segundo o MP, há indício de que os carros não têm capacidade técnica para funções operacionais.
SUPERFATURAMENTO
O procurador da República Eduardo Benones afirma que há suspeitas de superfaturamento e atropelamento de prazos.
O nome de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, aparece como o responsável pela aprovação de contratos com a Combat Armor no período em que ele era superintendente regional na PRF do Rio.
A Combat é empresa com sede nos EUA e pertence a Daniel Beck, apoiador do ex-presidente Donald Trump – ele esteve em Washington durante a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021.
A empresa foi fundada nos EUA há 20 anos e instalada no Brasil em 2019, a Combat Armor tinha, em seu início, faturamento médio mensal de R$ 58,5 mil, segundo o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
No Brasil, a empresa é administrada pelo empresário Maurício Junot de Maria, que já atuava no setor de blindagem. A Combat Armor entregou veículos para a PRF Federal em 4 Estados e no DF, nos anos de 2020 e 2021.
MOVIMENTAÇÕES ATÍPICAS
O Coaf, órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificou movimentações financeiras atípicas por parte da Combat Armor Defense do Brasil, empresa que vendeu blindados para PRF.
Entre 2020 e 2022, ao menos R$ 30 milhões foram pagos pela PRF para blindar viaturas e fabricar blindados.
Entre junho de 2021 e abril do ano passado, a empresa chegou a receber R$ 4,8 milhões, sendo mais de R$ 3 milhões provenientes de pagamentos feitos pela PRF e R$ 1,7 milhão do governo do Rio de Janeiro.
No mesmo período foram debitados da conta da empresa R$ 4,7 milhões, que tiveram como destino outras empresas e contas da própria Combat Armor. “A movimentação apresentada não condiz com o faturamento declarado”, afirma o Coaf.
Entre abril de 2022 e junho deste ano, os créditos recebidos em conta totalizaram R$ 18,6 milhões. As movimentações feitas no período também foram consideradas suspeitas e incompatíveis com o faturamento mensal.
M. V.