Na última quinta-feira (31), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou de um encontro em São Paulo (SP) com representantes do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN /CNEN), órgão vinculado ao MCTI que acaba de completar 67 anos.
Durante a reunião, ouviu demandas sobre a necessidade de aumentar recursos humanos e financeiros para o instituto, defendeu o papel vital do Ipen para o Complexo Industrial de Saúde, sua importância para o desenvolvimento do país e o domínio nacional de uma base produtiva em saúde.
“Temos a compreensão do papel estratégico do IPEN para o fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde e a redução das desigualdades no acesso da população aos tratamentos e diagnósticos oferecidos pela medicina nuclear em nosso País”, afirmou a ministra. “Não temos dúvida do quanto o SUS é indutor de desenvolvimento e do quanto é decisivo para a qualidade de vida da população. É robusto, eficiente, e reduz mortalidade no país”, completou.
A ministra lembrou ainda algumas ações adotadas recentemente, como a recriação, pelo presidente Lula, do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde, do qual o MCTI faz parte, com a perspectiva de fortalecer o complexo produtivo e de inovação.
Outra medida destacada pela ministra foi a inclusão do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e do laboratório de máxima contenção biológica NB4 no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. As iniciativas buscam diminuir a dependência externa e garantir a autonomia brasileira no setor de medicina nuclear.
Ao longo do encontro, representantes do Ipen pontuaram desafios a serem enfrentados, como a necessidade de investimentos em quadros pessoais. “Há mais de 10 anos não temos concursos públicos. Há uma grande demanda de recursos humanos para produção de radiofármacos”, avaliou Isolda Costa, diretora do Ipen. “Hoje temos 522 funcionários no total, mas 60% são aposentáveis imediatamente, e isso pode inviabilizar a questão de manter a produção e atender a demanda do país por radiofármacos”, acrescentou.
Outro ponto destacado foi a necessidade de investimentos para modernização da infraestrutura, que sofreu com a falta de investimentos nos últimos anos e com a chegada de alguns equipamentos ao fim da vida.
“Sem instalações modernas, a Anvisa não vai autorizar a entrada dos radiofármacos, mesmo com produção do RMB”, alertou Wilson Calvo, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Além disso, Lorena Pozzo, chefe do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do IPEN, lembrou que 70% dos procedimentos de medicina nuclear são realizados no SUS, mas que a medicina nuclear convencional esbarra em dificuldades de expansão e enfrenta grandes iniquidades de acesso regional, sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste.
A ministra ainda visitou o Laboratório de Investigação e Produção de Lotes Piloto de Radiofármacos, no Centro de Radiofarmácia do Instituto. Radiofármacos são fármacos marcados com isótopos radioativos, utilizados para terapia e diagnóstico de diversas doenças. O IPEN/CNEN é o maior produtor de radiofármacos para a medicina nuclear do País.