O presidente avaliou que o país vai crescer com trabalho, investimentos e elevação dos salários. O que atrapalha a economia é o BC com seus juros lunáticos, denunciou
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta terça-feira (5) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela alta taxa básica de juros (Selic). “A economia está se acertando apesar do comportamento do Banco Central”, disse Lula no programa Conversa com o Presidente.
Lula contestou a tese do presidente do BC de que o crescimento econômico do Brasil no período recente pode ter origem em cortes de direitos aprovados por governos anteriores, como as reformas trabalhista e previdenciária. Lula chamou a atenção, com o seu comentário no programa, que o país vai crescer com trabalho, com investimentos e com a elevação dos salários.
Ele frisou que quem está atrapalhando a economia é o presidente do BC com seus juros lunáticos. “A massa salarial cresceu. Mais de 90% das negociações salariais foram acima da inflação quando, no governo passado, isso era o contrário, mais de 90% das negociações foram abaixo da inflação”, apontou o presidente.
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Conversa com o Presidente https://t.co/ZlLH4VRMzJ
— Lula (@LulaOficial) September 5, 2023
Lula defendeu também a importância da presença do Estado para a economia. “O Estado arrecada recursos que são usados para investir e atender à população. Não é justo, por exemplo, que quando há empate entre o governo e os grandes devedores nos órgãos de arbitragem, a decisão beneficie automaticamente o devedor”, argumentou.
“O dinheiro tem que ir para o governo para que ele possa atender à sociedade”, prosseguiu. “Falam mal do Estado, mas, quando há crises, quem salva é o Estado. Foi assim na pandemia, por exemplo”, disse Lula. “O Biden, por exemplo despejou US$ 5 trilhões para fazer a economia funcionar na pandemia. a Europa também colocou 700 bilhões de Euros na economia durante a pandemia”, acrescentou.
O presidente condenou a injustiça do sistema tributário brasileiro. “Os mais ricos não gostam de pagar imposto. Nos EUA o imposto sobre herança é de 40%, aqui são só 4%. Os milionários sempre arranjam um jeito de não pagar”, denunciou. “O trabalhador tem o imposto de renda descontado já no primeiro salário, enquanto os que recebem dividendos e lucros não pagam imposto nenhum. Isto não pode continuar”, defendeu Lula, lembrando que os mais ricos devem mais de 1,5 trilhões em impostos ao governo.
Ele disse que vai se encontrar com a presidente do FMI e vai repetir que eles vão errar as previsões sobre o Brasil. “Eu vou levantar esse país, eu tenho certeza. Eu vou levantar não, o povo vai se levantar. Eu vou encontrar com a diretora do FMI agora na Índia, e quando eu me encontrei com ela lá em Hiroshima eu falei ‘olha, eu vou provar para vocês que o cálculo de vocês de crescimento de 1% na economia brasileira está errado. Nós vamos crescer mais do que vocês estão prevendo’”, afirmou Lula.
Ele defendeu também que o FMI perdoe a dívida externa dos países africanos. O presidente avaliou que essa dívida atinge um montante de US$ 700 bilhões. “Ninguém vai poder pagar esse valor”, disse ele, lembrando que só com despesas de guerra o mundo já gastou esse ano US$ 1,2 trilhão. “Se esse dinheiro fosse usado para Saúde, para melhorar a vida das pessoas e até para reduzir a dívida dos países africanos, seria muito melhor”, afirmou.