No 73º aniversário das bombas lançadas pelos Estados Unidos no Japão, entidades internacionais, religiosas e japoneses de Hiroshima e Nagazaki rendem tributo aos assassinados e condenam os que usaram as armas nucleares contra civis.
Em 6 de agosto de 1945 os Estados Unidos utilizaram, pela primeira vez na história, uma bomba nuclear, decretando, um fim trágico e criminoso para a 2ª Guerra Mundial. Num piscar de olhos, dezenas de milhares de pessoas que viviam na cidade de Hiroshima morreram. Três dias mais tarde, o alvo dos estadunidenses foi Nagazaki. Estima-se que, somando os dois bombardeios, morreram 140 mil pessoas de forma imediata, sendo a imensa maioria composta por civis. Mais centenas de milhares sofreram pelo resto de suas vidas a ação da radiação. Desde então, nenhuma outra bomba atômica foi utilizada em guerra.
Segundo a Federação Sindical Mundial (FSM), “o lançamento de bombas atômicas foi para intimidar os povos, para enviar uma ‘mensagem’ à União Soviética e ao movimento de trabalhadores de todos os países”.
O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, na abertura da cerimônia de homenagem às vitimas, alertou que os arsenais nucleares mantidos por alguns países, inclusive os que já fizeram uso do artefato, são um perigo à paz mundial. Kazumi pediu para que os lideres mundiais conversassem e negociassem para pôr fim aos arsenais nucleares. Foram adicionados ao monumento em homenagem aos assassinados os nomes dos sobreviventes dos bombardeios que faleceram do ano passado para cá.
A organização dos Bispos Católicos do Japão abriu o evento “Dez dias pela paz, 2018” com uma homenagem às vitimas do crime norte-americano. O evento resgata os momentos importantes que ocorreram pela paz desde o fim da 1ª Guerra Mundial – que tem seu centenário em novembro deste ano. Para a organização, a humanidade deve se apoiar nos bons exemplos de cooperação e diálogo para garantir a paz.
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) divulgou um texto recordando os horrores vividos na ocasião e denunciando o gigantesco arsenal que os Estados Unidos mantêm. “Recordar Hiroshima e Nagasaki é, hoje, muito mais do que um mero exercício de memória ou merecido ato solene de respeito pelas vítimas. É, acima de tudo, um grito de alerta para os riscos hoje existentes: pela dimensão e potência dos atuais arsenais nucleares, uma guerra nuclear não se limitaria a replicar o horror vivido em Hiroshima e Nagasaki, antes o multiplicaria por muito”, afirma a entidade.
“Existem atualmente cerca de 16 mil ogivas nucleares, a maioria das quais muito mais potentes do que as que arrasaram as cidades japonesas em Agosto de 1945: destas, 15 mil estão em poder dos Estados Unidos da América e Federação Russa e as restantes nas mãos da França (300), China (270), Grã-Bretanha (215), Paquistão (120-130), Índia (110-120), Israel (80) e República Popular Democrática da Coreia (menos de 10); outros cinco países – Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Turquia – acolhem armas nucleares dos EUA no seu território, além das que se encontram igualmente espalhadas pelo mundo, em centenas de bases militares e esquadras navais”, denuncia o conselho. Para a organização, se faz necessário fortalecer as ações “em prol da paz e do desarmamento” de todos os países.
No Japão, as manifestações pelo desmonte da base norte-americana tem reunido multidões mas os governos do país seguem submissos à presença militar norte-americana exacerbada em seu território.
A FSM também firmou sua posição favorável ao desarmamento e desnuclearização generalizados. “A Federação Sindical Mundial (FSM), desde o primeiro ano de sua fundação em 1945, teve uma posição clara contra as armas nucleares. Em todos os seus congressos as decisões que solicitam a abolição de todas as armas nucleares de todos os países foram votadas”, declarou a entidade.
P.S.B.
Por falar em Hiroshima, encontrei na internet informações de que o Japão não se rendeu por causa das bombas, mas pela entrada da União Soviética na guerra. Um argumento, por exemplo, é o de que ataques aéreos perpetrados pelos EUA deixaram muito mais vítimas (feridos, mortos, desabrigados) do que as duas bombas. Outro seria de que os militares japoneses estavam trabalhando em uma forma de “retribuir” o ataque com outro mais devastador.
Vocês do HP já sabiam dessas informações? Acham que não passam de propaganda russa/soviética?
Alguns links:
1- https://www.publishersweekly.com/pw/by-topic/industry-news/tip-sheet/article/55552-5-myths-about-nuclear-weapons.html
2- http://www.aif.ru/society/history/35845
3- https://foreignpolicy.com/2013/05/30/the-bomb-didnt-beat-japan-stalin-did/
4- http://www.voltairenet.org/article124815.html
5- http://www.rebelion.org/noticia.php?id=18765
Sim, leitor, sabíamos. O que é seguro: durante a Conferência de Potsdam, Stalin disse a Truman que o Japão se comunicara com o governo soviético, propondo o fim da guerra (o Japão mantinha, ainda, embaixada em Moscou). Truman (e Churchill), por seu lado, comunicaram a Stalin que os EUA tinham uma nova e espetacular arma – a bomba atômica. O objetivo era intimidar os soviéticos. Não conseguiram, como declarou, depois, o próprio Churchill – depois substituído por Attlee, na Conferência. Em seguida, a cúpula americana decidiu o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki. O objetivo era, ainda, intimidar os soviéticos. Para isso, mataram 226.000 pessoas – 92% delas, civis. E não conseguiram intimidar os soviéticos, até que Kruschev, já na segunda metade da década de 50, se acoelhou ante a chantagem. Resumidamente: o Japão já estava derrotado e pedindo para se render quando os EUA cometeram o crime.