Com a palavra de ordem “Pão, Teto e Trabalho”, mais de 200 mil trabalhadores desempregados ou com serviços temporários, além de militantes de organizações sociais, marcharam na terça, dia de São Caetano, até a Praça de Maio de Buenos Aires, contra as medidas de arrocho de Macri e o acordo com o FMI. É o terceiro ano consecutivo que se realiza o protesto em torno do padroeiro do pão e do trabalho, com grande adesão popular.
A mobilização teve o apoio das centrais sindicais Confederação Geral do Trabalho, CGT, e as três Centrais de Trabalhadores da Argentina, CTA. Encabeçadas por movimento Bairros de Pé, Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP) e a Corrente Classista e Combativa, as colunas de manifestantes vindos de várias regiões da capital argentina contaram com a crescente participação de pessoas que foram se somando durante a passagem da marcha.
Esteban “El Gringo” Castro da CTEP, no encerramento assinalou: “Este regime, em seu afã de concentração econômica, expulsa sistematicamente trabalhadores do emprego formal. Expulsos, tivemos que criar novas formas de trabalho: vendedores de rua, catadores de papel, pescadores artesanais, integrantes das cooperativas sociais. Todos nós necessitamos ter a mesma dignidade que o resto da classe trabalhadora, empregos, carteira assinada, direitos trabalhistas”.
“Com 88 bilhões de dólares, a totalidade dos trabalhadores da economia popular receberíamos salário, não só durante um ano, mas por dez”, frisou Castro denunciando o partido Cambiemos, de Macri, por ter gerado mais pobreza enquanto “decidia a fuga para o exterior de 88 bilhões dólares”.
Os movimentos sociais expressaram seu rechaço ao empréstimo do FMI e reiteraram sua reivindicação de que se aprove uma série de projetos de lei, entre eles a Emergência Alimentar. “O governo põe em sério risco a paz social quando nos impõe o acordo com o FMI que nenhum setor social avaliza. O Fundo só nos levará a aprofundar os níveis de pobreza e fome e a destruição do emprego”, destacou Daniel Menéndez do Bairros de Pé. Juan Carlos Alderete, da Corrente Classista, falou das “milhares de demissões” e se solidarizou com os trabalhadores demitidos da Agencia estatal de notícias, Télam, do Estaleiro Río Santiago e da Central Nuclear Atucha. Sobre os trabalhadores da chamada economia popular disse que “vivemos trabalhando ‘de vez em quando’ e ainda nos chegam tarifas impagáveis”. Lembrou que, “há milhares de homens, mulheres e crianças morando na rua” e denunciou que “temos um governo que está cheio de hipócritas que ganham com as corridas financeiras”.
A primeira marcha de São Caetano foi realizada em 2016, quando Macri estava oito meses no governo. A mobilização teve o apoio do Papa Francisco e setores progressistas da igreja.
SUSANA SANTOS