Caso esses elementos sejam confirmados, ex-presidente teria descumprido os princípios do interesse público, moralidade e legalidade na Administração Pública
Mais uma ilegalidade que o ex-presidente teria cometido no exercício da Presidência da República.
Equipe técnica do TCU (Tribunal de Contas da União) não identificou interesse público na viagem realizada pelo ex-chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), aos Estados Unidos, entre dezembro de 2022 e março de 2023.
A informação foi divulgada pela coluna do jornalista Paulo Cappelli, no portal Metrópoles.
Conforme o Ministério das Relações Exteriores, o custo total da viagem foi de R$ 800 mil, incluindo hospedagens, diárias de seguranças, aluguel de veículos, contratação de intérpretes e auxiliares locais.
“No presente caso, em nenhum momento foi revelado o interesse público capaz de sustentar a legalidade de uma viagem altamente dispendiosa nas últimas horas de seu mandato”, está escrito no relatório emitido pela a Unidade de Auditoria Especializada em Governança e Inovação do TCU.
MOTIVAÇÕES DA VIAGEM
A viagem foi feita após Bolsonaro tomar a decisão de não passar a faixa presidencial para o então vitorioso nas eleições de outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual presidente do País.
Para preparar a viagem teriam sido mobilizadas, às pressas, 35 pessoas entre militares e civis, que integraram o “escalão avançado”.
A Unidade de Auditoria Especializada destacou que, caso confirmada a ausência de “justificativa lógica e aceitável” para a viagem, Bolsonaro descumpriu os princípios do interesse público, da moralidade e da legalidade na Administração Pública.
PREPARAÇÃO DA INTENTONA GOLPISTA
Especula-se, também, que Bolsonaro teria viajado para os EUA para se manter distante dos preparativos (mantendo seu disfarce) e da execução da trama golpista, cujos desdobramentos se deram em 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes.
A intenção dos organizadores, tudo indica, é que ao manter-se, aparentemente distante, inclusive física e geograficamente, não se poderia atribuir ou responsabilizar o ex-presidente pelo fato em si e seus desdobramentos. O que é debochar da inteligência dos brasileiros, como se ninguém soubesse quem é o principal instigador golpista.
Na ocasião, em 8 de janeiro, apoiadores de Bolsonaro, descontentes com o resultado das urnas, que deu vitória a Lula, oriundos de todo o Brasil foram para Brasília e tentaram dar golpe de Estado.
Eles invadiram as sedes dos Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — e provocaram atos de vandalismo e terror, destruindo a infraestrutura dos edifícios.
JOIAS
Mas também a ida aos EUA foi para tratar de negócios. Segundo relatório da Polícia Federal (PF), as joias de luxo desviadas do acervo público foram transportadas no avião presidencial que levou Bolsonaro aos Estados Unidos. Lá foram vendidas.
Ainda de acordo com a PF, as joias vendidas tinham “o objetivo de enriquecimento ilícito do ex-Presidente JAIR BOLSONARO”.
A PF obteve mensagens em que Mauro Lourena Cid (o pai) avisa a Mauro Barbosa Cid (o filho) que 25 mil dólares precisam ser entregues a Jair Bolsonaro em dinheiro, para que a origem não seja identificada. O Rolex e um outro relógio de luxo da marca Patek Philippe foram vendidos pelo general por US$ 68 mil.
Em mensagem de áudio de Mauro Cid, a PF descobriu o seguinte diálogo:
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente, dar abraço nele ´ne? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…) Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né”. Depois, com a decisão do TCU para que as joias fossem devolvidas os auxiliares do ex-presidente saíram em campo para recomprar o que havia sido vendido. Alguns presentes ainda não foram recuperados, estão desaparecidos.
M. V.