IPCA ficou em 0,23% no mês e acumula alta de 3,23% no ano e, nos últimos 12 meses, de 4,61%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do Brasil, registrou alta de 0,23% em agosto, informou nesta terça-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta foi puxada pelo aumento da energia elétrica residencial (4,59% no mês).
“O aumento na energia elétrica”, diz o gerente da pesquisa, André Almeida, “foi influenciado, principalmente, pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, referente a um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu em 2022, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional em julho e que não está mais presente em agosto”.
Por conta do aumento da energia, o grupo habitação apresentou a maior variação (1,11%) e a maior contribuição (0,18 p.p.) no IPCA. Os preços dos transportes (0,34%), puxado pelas altas no óleo diesel (8,54%), gasolina (1,24%) e automóvel novo (1,71%), também contribuíram para o resultado do indicador geral.
PREÇO DOS ALIMENTOS EM QUEDA
Por outro lado, foi registrado uma queda no grupo alimentação e bebidas (-0,85%), sendo o terceiro mês consecutivo de recuo, influenciado principalmente pela deflação marcada pelos preços da alimentação no domicílio (-1,26%).
“Temos observado quedas ao longo dos últimos meses em alguns itens importantes no consumo das famílias”, destacou André Almeida. “Como, por exemplo, a carne bovina e o frango, que está relacionado à questão de oferta. A disponibilidade de carne no mercado interno está mais alta, o que tem contribuído para a queda nos últimos meses”, completou.
Em agosto, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, quatro apresentaram avanço em seus preços: habitação, saiu de -1,01% para +1,11%; vestuário (de -0,24% para +0,54%), saúde e cuidados pessoais (de +0,26% para +0,58%) e educação (de +0,13% para +0,69%).
Do lado dos que apresentaram desaceleração e quedas ficaram alimentação e bebidas (-0,46% para -0,85%), artigos de residência (de +0,04 para -0,04), transportes (de +1,50% para +0,34%), Comunicação (de 0,00% para -0,09%). Já as despesas pessoais mantiveram o patamar de alta de preços que foi observado no mês de julho (0,38%).
No ano, o IPCA acumula alta de 3,23%, abaixo dos 4,39% registrados para o mesmo intervalo de meses de 2022, segundo a Série Histórica do IPCA. No acumulado de 12 meses, a inflação ficou em 4,61%, estando abaixo do observado para o mesmo período do ano passado (8,73%).
Apesar da alta nos preços administrados em agosto, a inflação no Brasil segue sob controle, dando espaço para o Banco Central (BC) realizar mais cortes na taxa básica de juros (Selic). O índice de preços ficou abaixo das projeções do mercado financeiro, que pressiona para que os juros continuem em níveis proibitivos para os brasileiros. A mediana das estimativas coletadas pelo Valor Data apontava alta de 0,29% no mês.
Mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduzir a Selic, de 13,15% para 13,25%, os brasileiros ainda são os maiores pagadores de juros reais no mundo, quando descontada a inflação.
O analista da BGC Liquidez (que consta entre as maiores corretoras de valores no Brasil), Rafael Costa, destaca que o resultado de agosto apresentou boas notícias nos serviços e nos núcleos. “A principal surpresa baixista veio de uma deflação 5 pontos-base (centésimos de ponto percentual) mais forte do que o esperado na alimentação no domicílio”, afirmou. Os preços do frango em pedaços caíram 2,57% e os das carnes recuaram 1,90%”, disse Costa para a Forbes.
“No entanto”, ressaltou Costa, “o que realmente saltou aos olhos foram as baixas inflações registradas tanto nos serviços quanto nos serviços subjacentes”. Na avaliação do economista, “a leitura foi favorável e reforça um cenário de desinflação consistente devido às baixas leituras nos serviços e nos núcleos”.
Os núcleos de inflação medem o comportamento dos preços desconsiderando ou reduzindo o peso de fatores sazonais sobre os índices, excluindo do cálculo, por exemplo, itens com maior volatilidade, como alimentos e combustíveis. A alta da inflação sobre o setor de serviços e o núcleo de inflação são usualmente postos pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, para defender a manutenção dos juros altos no Brasil.