“Qualquer país que entra na OCDE no ano seguinte entra em crise financeira”, alerta o economista Joseph Stiglitz
O economista americano e professor da Universidade Columbia (EUA) Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001, questionado sobre a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em evento promovido pelo Supremo Tribunal Federal, declarou que “muitos mercados emergentes veem a OCDE como uma organização mais importante do que é, e isso terá impactos”.
“Ela deixa você sentir que está no clube dos caras grandes, dos adultos, porque a OCDE é um clube dos países ricos, mas ser membro de um clube não significa que você vai ser ouvido, sua voz não será ouvida muito bem, não mudará a OCDE”, afirmou.
“Para entrar, você tem que fazer algumas coisas que não são boas. Antigamente, você tinha que desmantelar o seu controle de capital, isso significa que você abre o seu mercado para virem de fora, entrando e saindo, não sei se ainda é assim, mas qualquer país que entra na OCDE no ano seguinte entra em crise financeira, como aconteceu com a Coreia, então, não é uma coisa boa”, alertou o economista.
“Eu diria que tem mais valor e menos custo, eu acho, que o Brasil deveria criar um novo modo de pensamento sobre os mercados emergentes, com seus próprios interesses e preocupações, com sua própria voz ouvida. Mais do que ter uma voz mais ou menos ouvida por outros paíse com outros interesses que não convergem com o de vocês”, disse Joseph Stiglitz no painel “Desafios para o crescimento econômico com estabilidade e inclusão social”, realizado pelo STF na segunda-feira (11).
Durante sua apresentação, Stiglitz voltou a condenar as altas taxas de juros impostas pelo Banco Central, como fez em recente palestra no BNDES este ano.
Segundo ele, “as taxas de juros no Brasil são muito mais altas do que em qualquer país do mundo” e torna inviável o investimento produtivo.