
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realizou nesta segunda-feira (11) ato em memória dos 50 anos da morte de Salvador Allende, presidente do Chile, em 11 de setembro de 1973. O evento, organizado pela “Fundación Salvador Allende” e pela ABI, aconteceu na sede da entidade brasileira, no Rio de Janeiro, e lotou o auditório do 9º andar, reunindo mais de 600 pessoas.
A solenidade, caracterizada como um ato político e artístico, foi apresentada pelo presidente do Conselho Deliberativo da ABI, Marcos Gomes, e na abertura contou com uma apresentação dos músicos Joe Vasconcelos e Marcelo Costa, que cantaram uma música dos mapuches, povos originários do Chile.
Ao saldar os presentes, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Octávio Costa, destacou que o Ato em homenagem a Allende reafirma a tradição histórica da ABI sediar grandes eventos em defesa do Estado Democrático de Direito.
“Lembrar Allende é lembrar a sua bravura, a sua coragem e seus princípios em defesa da democracia, mas é também agradecer ao povo chileno por ter acolhido tantos brasileiros exilados, perseguidos pela nossa ditadura, que viram no Chile de Allende uma esperança”, afirmou.
Durante o evento foi exibida uma mensagem do embaixador do Chile no Brasil, Sebastián Depolo, e um trecho de uma entrevista de Salvador Allende ao filósofo e jornalista francês, Regis Debray, em 1971.
O ato reuniu parlamentares, como os deputados federais Chico Alencar (PSOL), Jandira Feghalli (PCdoB) e Reimont (PT), eleitos pelo Rio de Janeiro, além dos estaduais Carlos Minc (PSB) e Marina do MST (PT). Também compareceram ao evento músicos, como o saxofonista Leo Gandelman; atores, a exemplo de Bete Mendes, da diretora de Cultura da ABI, Iara Cruz, que leram uma carta de Pablo Neruda a Allende.
Isabella Thiago de Mello, filha do poeta Thiago de Mello, que viveu no Chile na época de Allende, também esteve presente. O evento reuniu ainda Luiz Rodolfo Viveiros de Castro e Flávia Cavalcanti, do Viva Chile, e foi encerrado por Javiera Parra, neta de Violeta Parra, que cantou Gracias a La Vida.
Em entrevista à EBC, Javiera relatou a tragédia que a ditadura chilena representou para ela e sua família. “Se acabou tudo, de uma maneira terrível, sangrenta”.
“Foi um golpe duríssimo, porque meu pai foi preso, passou seis meses na prisão […] e passou coisas duríssimas: tortura, a morte de amigos próximos como Víctor Jara (cantor, compositor, expoente do movimento Nueva Canción)”, denunciou. “Logo que ele foi libertado, partimos para o México, perdemos tudo, o núcleo familiar. Se acabou tudo. E de uma maneira terrível, sangrenta”, lamentou.
O golpe militar no Chile, apoiado pela CIA, derrubou o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973. O regime ditatorial comandado por Augusto Pinochet, considerado um dos mais sanguinários da América da América Latina, durou até 1990. Foi responsável por mais de 3 mil assassinados e desaparecidos (sendo que 1.162 seguem desaparecidos até hoje), quase 40 mil presos e torturados.
“Neste 11 de setembro se completam 48 anos do assassinato do presidente do Chile, Salvador Allende, com o bombardeio do Palácio de La Moneda. A execução de Allende abriu caminho para a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), uma das mais longas e sanguinárias do continente, que chacinou mais de 40 mil chilenos”, escreveu o jornalista Carlos Lopes em artigo intitulado “11 de setembro de 1973: o assassinato de Allende e a ditadura de Pinochet”, publicado no Jornal Hora do Povo em setembro de 2021, por ocasião dos 48 anos do assassinato de Salvador Allende.
Veja aqui a íntegra do ato da ABI: