Juros elevados tornam os investimentos mais caros, com resultados negativos disseminados em julho, aponta IBGE
A produção industrial brasileira recuou 0,6% na passagem de junho para julho, resultado de queda em quatorze das 15 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados da Pesquisa Mensal Industrial Regional foram divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Instituto.
As maiores quedas vieram do Amazonas (-8,8%), Bahia (-6%) e Pará (-4,4%). A indústria paulista, a maior e mais desenvolvida do país, teve recuo de -0,5% na comparação mensal.
Espírito Santo (-2,1%), Região Nordeste (-2,0%), Santa Catarina (-1,5%), Paraná (-1,4%), Mato Grosso (-1,3%), Minas Gerais (-0,9%) e Rio de Janeiro (-0,8%) foram outras regiões onde a queda foi mais intensa do que a média nacional. O IBGE não divulgou os dados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul – que passaram a integrar a pesquisa mais recentemente.
O único avanço na produção mensal foi no Ceará (1,2%).
Bernardo Almeida, analista da pesquisa, aponta o cenário econômico de juros altos como o principal fator para a situação industrial brasileira atual.
“É possível perceber uma perda de ritmo na indústria nacional como um todo, que pode ser observada desde março, quando atingiu um crescimento de 1,1%. Isso pode ser explicado pela conjuntura atual, pela taxa de juros que ainda se encontra em um patamar elevado, o que pressiona a linha de crédito disponível para o investimento. Isso recai diretamente sobre a cadeia produtiva, sobre as tomadas de decisões por parte dos produtores, já que o investimento se torna mais caro. Isso vale também para os resultados regionais, com um cenário disseminado de resultados negativos em 14 dos 15 locais pesquisados”, diz o pesquisador.
Na comparação com julho de 2022, houve recuo em onze dos 18 locais pesquisados – resultando em um recuo a nível nacional de 1,1%.
Amazonas (-11,1%) e Mato Grosso do Sul (-11,1%) foram as regiões com queda mais intensas na comparação anual, ultrapassando os dois dígitos. Maranhão (-6,8%), Ceará (-5,5%), Rio Grande do Sul (-4,9%), Paraná (-3,2%), Santa Catarina (-3,1%), São Paulo (-3,0%), Bahia (-3,0%), Pará (-2,9%) e Região Nordeste (-2,5%) completaram o conjunto de locais com queda na produção.
Com os dados de julho, o IBGE verificou que a indústria brasileira está operando 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020. No âmbito regional, apenas três das 15 regiões pesquisadas tiveram recuperação diante dos níveis verificados durante a crise sanitária.
Apenas as indústrias do Mato Grosso (+22,1%), Minas Gerais (+6,3%) e Rio de Janeiro (+4,8%) tiveram resultados em julho de 2023 superiores aos observados em fevereiro de 2020. Pernambuco operou no mesmo patamar (0% de variação). Em São Paulo, a produção estava 3,3% abaixo do pré-pandemia.