Material para escritório, informática e comunicação (11,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%) registraram as maiores altas. Já os que dependem do crédito, arrochado pelos juros altos, caíram, como móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e as vendas de veículos e motos (-6,2%)
Travadas pelos altos juros, as vendas do comércio varejista brasileiro iniciaram o segundo semestre de 2023 não conseguindo ultrapassar a barreira dos 1%. Em julho, o volume de vendas do setor registrou alta de 0,7% contra o mês anterior, período em que, praticamente, não houve crescimento em suas vendas, segundo números divulgados pelo instituto brasileiro de pesquisa (IBGE), nesta sexta-feira (15). A média móvel trimestral foi de 0,1%.
Com o resultado, o comércio varejista está 2,2% abaixo do nível recorde da série, que aconteceu em outubro de 2020.
Desde janeiro deste ano, em que obteve um crescimento de 4% puxado pelas promoções criadas após o período festivo de final de ano, o setor do comércio vem patinando em suas vendas: fevereiro (0,0%), março (0,7%), abril (0,0%), maio (-0,6%), junho (0,1%) – conforme os dados revisados pelo IBGE -, e julho 0,7%. Com isso, as vendas do comércio registram alta de 1,5% no acumulado do ano até julho e, nos 12 meses até julho, acumulam aumento de 1,6%.
Na modalidade ampliada – que inclui as vendas de veículos, motos, partes e peças e material de construção – as vendas do setor recuaram -0,3%, na passagem de junho para julho. Na média móvel trimestral, o varejo ampliado praticamente não evoluiu em suas vendas, ao marcar apenas uma alta de 0,2%. No acumulado do ano, acumula um saldo positivo de 4,3%, e no acumulado de 12 meses, 2,3%.
Em julho, na comparação com o mês anterior, quatro das oito atividades do comércio varejista restrito registraram quedas. As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram -0,9%, as de tecidos, vestuários e calçados recuaram -2,7%, as de combustíveis e lubrificantes tiveram queda de 0,1%. E as vendas de livros, jornais, revistas e papelaria também apresentaram resultado negativo (-2,6%).
Por outro lado, os segmentos de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (11,7%) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%) foram os únicos que se saíram bem na passagem de junho para julho. No entanto, no ano, eles acumulam alta de 0,1% e queda de -12,5%, respectivamente, em suas vendas. No campo positivo também ficaram hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%).
Na modalidade ampliada, houve queda de -6,2% nas vendas de veículos e motos, partes e peças e as de material de construção, que apenas atingiram uma variação de 0,3%.
Frente à manutenção dos juros altos, as principais categorias econômicas do Brasil seguem em dificuldades no ano de 2023.
Além do desempenho do setor do varejo, o IBGE também divulgou neste mês dados da indústria e do setor de serviços sobre julho na comparação com junho. A produção industrial recuou 0,6% e os serviços registraram variação de 0,5%, puxado pelo segmento de transporte de cargas, impulsionado pela safra de milho e soja.
Com os juros no Brasil em níveis escorchantes, Selic em 13,25% ao ano, o Banco Central (BC) “independente”, comandado por Roberto Campos Neto, mantém o país amarrado na política contracionista do governo Bolsonaro, criando mais dificuldades para o governo Lula, que foi eleito em 2022, com o propósito de fazer a economia voltar a crescer.