O número de mortes violentas intencionais no Brasil somou 63.880 em 2017, o que significa média de 175 mortes por dia (ou ainda 7,2 por hora), segundo o 12° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Segundo o estudo, o total de assassinatos reportados pelas secretarias estaduais de segurança de todo o País em 2017 supera em 2,9% o índice do ano anterior e trata-se do maior número desde que os dados da violência começaram a ser compilados pelo FBSP, em 2013.
O Fórum considera mortes violentas intencionais o conjunto dos casos de homicídio doloso (ou seja, com intenção de matar), lesão corporal seguida de morte, mortes causadas pela polícia, morte (ou vitimização) de policiais e latrocínios (roubo seguido de morte).
As maiores taxas de homicídios em 2017 foram registradas nos estados do Rio Grande do Norte, Acre e Ceará, com 68, 63,9 e 59,1 mortes a cada 100 mil habitantes, respectivamente. As menores foram registradas em São Paulo (10,7), Santa Catarina (16,5) e Distrito Federal (18,2). A taxa média de mortes violentas no Brasil hoje é de 30,8 para cada 100 mil habitantes.
As capitais concentram 16.799 das mortes violentas intencionais, com mais de um quarto do total de assassinatos e uma taxa média de 34 por 100 mil habitantes. Os piores índices foram encontrados em Rio Branco (83,7), Fortaleza (77,3) e Belém (67,5).
“A piora dos índices de violência ocorre por dois movimentos: existem as novas dinâmicas do crime organizado, com disputas de poder entre as facções, e a insistência de políticas públicas ‘mais do mesmo'”, diz Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“O debate sobre segurança pública precisa ser travado não sobre questões morais, mas no campo da política. O problema é a violência, não apenas o crime organizado ou porte de armas”, reforçou a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno.
POLÍCIA
O Anuário Brasileiro da Segurança Pública deste ano reúne também dados referentes às mortes que envolvem a participação de policiais. Ao longo do ano passado, 367 policiais (civis ou militares) foram assassinados, o que representa média de um agente por dia. Na comparação com 2016, houve queda de 4,9% nesse índice.
Já o total de cidadãos civis mortos em intervenções policiais chegou a 5.144 em 2017 (média de 14 mortes por dia), número que indica aumento de 20% do registrado em relação ao ano anterior.
MULHERES
O levantamento mostrou que 4.539 mulheres foram vítimas de homicídio em 2017, alta de 6,1% em relação ao ano anterior. Os estupros no Brasil somaram 60.018 ocorrências em 2017, um aumento de 8,4% em relação a 2016. Apesar do forte aumento, o dado é subestimado, uma vez que só entre 7,5% a 10% dos casos, que atingem, sobretudo as mulheres, são registrados.
Pela primeira vez, foram registrados os casos que violência doméstica, que atingiram 221.238, ou 606 casos por dia. Já os casos identificados como feminicídio, quando a motivação é o gênero, praticamente quase dobraram entre um ano e outro, passando de 621 para 1.133 ocorrências.
Veja o infográfico do FBSP: