O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), afirmou, nesta quinta-feira, em entrevista à TV Globo, que sua prioridade é a recuperação do poder de compra do salário mínimo “para que haja ampliação do mercado interno”. “Não há como sair da crise com essa contração absurda do nosso mercado interno”, disse ele. “O Brasil está com um dos menores salários do mundo, menor até do que o do Paraguai”, acrescentou.
“Com a elevação dos salários, o consumo vai aumentar e as empresas venderão mais. Elas vão aumentar sua produção porque terão um mercado em expansão para vender seus produtos. Esse é o caminho para sairmos desse buraco no qual o nosso país foi enfiado”, observou. “Já fizemos isso antes e deu certo. Em 1954, Jango, que era ministro do Trabalho de Getúlio, deu um aumento de 100% para o salário mínimo. Houve lá um manifesto dos coronéis, mas o país cresceu e Juscelino pegou, depois, o país com bons salários e pode seguir com a industrialização”, disse João Goulart.
“Não só os salários têm que aumentar, como a Previdência e os direitos trabalhistas não podem ser atacados como vêm sendo, por este governo. Vamos revogar a reforma trabalhista e garantir os direitos dos aposentados, principalmente defender o valor justo das aposentadorias”. afirmou o pré-candidato do PPL. “Há uma concentração muito exagerada da renda. Enquanto temos os menores salários do mundo, a rentabilidade dos bancos aqui é das mais altas do planeta”, denunciou.
Outra prioridade defendida por João Goulart, na entrevista, foi a redução dos juros para níveis internacionais. “O país não suporta drenar 400 bilhões de reais todos os anos para o pagamento de juros da dívida. Por isso faltam recursos para a educação, para a saúde pública e a segurança”, denunciou. “A média dos juros internacionais está em 0,5%. Com essa redução, baixamos os custos das empresas e do governo. Vai sobrar mais para os investimentos, tanto privados quanto públicos. E são estes últimos que vão incentivar o investimento geral do país”, argumentou o filho da Jango.
Na opinião do presidenciável, as privatizações também terão que ser interrompidas. “Empresas estratégicas como a Petrobrás e a Eletrobrás têm que estar na mão do estado”, argumentou Goulart. “Essas empresas foram construídas pelos governos trabalhistas e são fundamentais para o nosso desenvolvimento econômico e social”, prosseguiu o candidato. “A Vale do Rio Doce, por exemplo, foi privatizada com o pretexto de que a gestão privada era mais eficiente, e o que nós vimos foi o maior crime ambiental de toda a nossa história”, denunciou. “Vou rever essas privatizações”, garantiu João Goulart Filho.
Ele concluiu e entrevista reforçando a importância da participação popular na defesa de seus interesses e dos interesses do país. Sobre a governabilidade, ele disse que o povo saberá garanti-la. “O parlamento atual, que é altamente suspeito, será renovado. O povo na praça saberá fazer valer suas reivindicações”, destacou. “É bom lembrar que o professor Niemeyer não criou aquele parlatório que existe no Planalto só para a posse dos presidentes. Aquilo é para o presidente ouvir o povo”, completou Jango Filho.