Os trabalhadores do Metrô de São Paulo e da CPTM aprovaram greve para o dia 3 de outubro contra a privatização das empresas públicas paulistas. Os funcionários da Sabesp também devem decidir sobre a paralisação unitária nos próximos dias.
“Os trabalhadores estão dando um basta nesse processo pernicioso que é a privatização do transporte público metroferroviário em São Paulo. Basta! A população está sofrendo com a queda na qualidade dos serviços prestados nas linhas concedidas”, afirma comunicado dos trabalhadores da CPTM, que denunciam o projeto do governador Tarcísio como “um ato de desmantelamento do transporte público e saneamento básico”.
A mobilização prevê um dia de paralisação. Na véspera, dia 2, as entidades se reúnem em nova assembleia para organizar a greve.
A adesão dos metroviários ao movimento foi anunciada pela presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, durante audiência pública contra as privatizações da Sabesp, Metrô e CPTM, realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na quarta-feira (20).
“Os metroviários acabaram de aprovar greve no dia 3 de outubro, junto com a CPTM. As Linhas 8 e 9 pioraram depois da privatização e esses bilionários estão ganhando dinheiro. Por isso vai ter greve no metrô e na CPTM, greve conjunta. Vamos fazer história e mostrar a força da unidade dos trabalhadores para o governador Tarcísio”, afirmou.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
A audiência na Alesp foi realizada pelos mandatos dos parlamentares do PCdoB, PSOL e PT. Movimentos sociais e sindicais também marcaram presença no evento.
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Saneamento Público, deputado Emídio de Souza (PT), afirmou que Tarcísio vai ser obrigado a recuar da venda da Sabesp, assim como recuou durante a campanha eleitoral, quando caiu nas intenções de votos nas pesquisas. “Ele já recuou de tanta coisa. Ao final dessa luta vai recuar da privatização dos serviços essenciais de São Paulo”, disse.
A vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Sabesp (Sintaema), Helena Maria, ressaltou que “quando o Projeto de Lei chegar aqui [na Alesp], precisamos estar com muita gente na rua e mostrar para a população que Tarcísio não tem nenhum argumento que justifique a privatização da Sabesp. E por isso ele mente, engana o povo”, denunciou a dirigente.
Helena ressaltou que, além de entregar o patrimônio público para o setor privado, Tarcísio quer usar o dinheiro da venda para subsidiar a manutenção das tarifas. O setor privado ganha duas vezes. “Em caso de venda da Sabesp esse tipo de subsídio da tarifa, se for feito, será por um período curto. Depois as tarifas vão aumentar e o serviço prestado à população vai piorar”, explicou.
Rene Vicente, presidente da CTB em São Paulo, destacou que Tarcísio quer é transformar um bem essencial à vida em uma mercadoria. “Mercadoria não atende à população. Quando se fala em mercadoria quer dizer que quem tem dinheiro paga e quem não tem fica de fora. O compromisso de Tarcísio é com os tubarões do saneamento que tem seus salários elevados e rebaixam trabalhadores a uma situação de semiescravidão”, disse.
Para Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, o governador Tarcísio quer se apresentar como o novo representante do Bolsonarismo. “Quer mostrar que sabe fazer o que a burguesia quer, que é vender patrimônio público e transformar direitos em fonte de lucro”.
Camila avalia que o diálogo com as pessoas através do plebiscito, lançado pelas entidades que compõem a Campanha contra a Privatização da Sabesp, Metrô e CPTM no início do mês, deu mais ânimo para a luta contra a entrega desses serviços essenciais. “Precisamos entrar com confiança e para ganhar essa luta. Tarcísio não pode achar que pode vender tudo”, completou.
O plebiscito contra a privatização também conta com apoio dos parlamentares, contrário à privatização dessas empresas.
“Os parlamentares aqui presentes não vão medir esforços para ser uma forte oposição cada vez que um desses projetos de privatização chegar aqui. E nós temos certeza de que não vamos medir esforços pra barrá-los”, afirmou a deputada Paula, da Bancada Feminista (PSOL).
Helena afirmou que, “com a greve unificada, nós vamos convocar a imprensa e mostrar que o governador está na contramão do mundo. Onde houve privatização, só piorou. Vamos levar o debate para o ano que vem durante as eleições e na conversa com os municípios vamos ver quem é quem”.