“A volta do crescimento sustentado e acelerado da economia brasileira perpassa pela retomada dos investimentos na indústria brasileira”, defende a entidade
Para a indústria de transformação, serão necessários investimentos anuais de 4,6% do PIB para recuperar a produtividade que foi atingida na década de 70, por um período entre sete e dez anos, de acordo com uma pesquisa ineditamente protagonizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ou seja, o Brasil terá que investir R$ 456 bilhões anualmente, por pelo menos 7 anos, para o setor retomar a sua produtividade de 53 anos atrás – o equivalente a 55% da produtividade dos EUA. Hoje, a produtividade da indústria de transformação brasileira está em torno de 20% da estadunidense.
O estudo da Fiesp, realizado com informações da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE, mostra que os investimentos (compra de máquinas, equipamentos etc.) atingiram o menor valor dos últimos 20 anos em 2021 – última análise disponível. A sondagem também aponta que os investimentos da indústria de transformação estão recuando em relação ao total investido na economia brasileira. Na primeira década dos anos 2000, os investimentos no setor representavam 20,9% do total dos investimentos do país. Em 2021, essa participação caiu para 12,9%.
“Hoje o investimento é de apenas 2,6% do PIB, para cobrir a depreciação é necessário pelo menos 2,7%”, apontou a Fiesp no documento. “A deterioração do estoque de capital acende um sinal de alerta para o setor industrial. Esse processo tem levado a queda da produtividade e menor potencial de crescimento do setor. A volta do crescimento sustentado e acelerado da economia brasileira, perpassa pela retomada dos investimentos na indústria brasileira”, defendeu a entidade.
Quando desconsiderando o setor de fabricação de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (que centralizam hoje a maior parcela dos investimentos), conclui-se que há uma lenta renovação do estoque de capital na indústria de transformação, segundo o estudo.
No período de 1996 a 2014, o estoque de capital do setor registrou um crescimento em torno de 1,9% ao ano, em média. Já no período de 2015 a 2021, o caminho foi inverso, houve uma longa queda, com variação negativa de cerca de 0,6% ao ano.
“O potencial da indústria de transformação em termos de produtividade, geração de empregos de qualidade (maior formalização e remuneração), capacidade de difusão do progresso tecnológico e de multiplicar os efeitos entre as demais cadeias produtivas colocam o segmento como essencial para o desenvolvimento nacional. Por isso, é estratégico que o setor recupere o dinamismo do passado”, conclui a Fiesp.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
Ao longo da última década, houve um forte agravamento no processo de desindustrialização no Brasil, que se deu pelas sucessivas crises econômicas internas vivenciadas no período, mas, também e principalmente, pela entrada violenta do investimento direto estrangeiro (IDE) no país.
O capital especulativo estrangeiro vem sendo estimulado pela política de câmbio flutuante, metas de inflação e fiscais, que consistem na prática de manter a taxa de juros da economia (Selic) do Banco Central em níveis escorchantes e cortes de investimentos públicos para garantir o pagamento dos juros e demais serviços da dívida pública.
Assim, o capital estrangeiro chega ao país para comprar as nossas empresas privadas nacionais e estatais, vendidas na bacia das almas para multinacionais e fundos especulativos, que estão extraindo lucros máximos aqui para enviá-los para para fora, deixando apenas rasos investimentos no país.