Em seu depoimento à Polícia Federal, Valdir dos Santos Paula, motorista de Pedro Silva – diretor de Engenharia da Dersa preso em 21 de junho, na Operação Pedra no Caminho – disse que “não sabe explicar como, no ano de 2013, teve R$ 1.979.816,40 de crédito em sua conta bancária; tampouco sabe explicar como, no ano de 2014, sua conta possa ter movimentado R$ 2.132.713,57”.
Declarou, também, que “não é possível movimentar tamanhas quantias, pois sua renda mensal, mesmo hoje, não é superior a cinco mil reais, motivo pelo qual não teria condições de movimentar essas quantias”.
A Operação Pedra no Caminho investiga um desvio de R$ 600 milhões nas obras do Rodoanel, em São Paulo. A Dersa, empresa pública paulista, é a responsável pelos contratos com as empreiteiras, nos lotes do Rodoanel.
O chefe de Valdir dos Santos Paula, Pedro Silva, e Laurence Casagrande, foram nomeados por Alckmin para substituir, na Dersa, a equipe anterior, que tinha Paulo Vieira de Souza, o notório “Paulo Preto”, como figura mais proeminente.
Valdir começou a ser investigado pela PF devido a 22 transações entre a sua conta e as de Pedro Silva – um total de cerca de R$ 1 milhão.
Quanto às contas de Pedro Silva, movimentaram R$ 50 milhões nos últimos cinco anos.
No interrogatório pela PF, Valdir contou que começou a trabalhar como motorista para Pedro Silva em 2010. Posteriormente, o ex-diretor da Dersa colocou-o como gerente de suas fazendas.
Valdir dos Santos Paula demonstrou, além da convivência com milagres – como o aparecimento de R$ 1,9 milhão em sua conta -, muito má memória.
Por exemplo, disse ele que “não se recorda” de uma transferência bancária da sua conta para a conta da SCJ Agropecuária (empresa de Pedro da Silva a quem pertencia a fazenda Sagrado Coração de Jesus, em Bofete, SP), no valor de R$ 13 mil, ocorrida no dia 29/07/2013.
Da mesma forma, “não se recorda” de transferência bancária da sua conta para a conta da SCJ Agropecuária, no valor de R$ 77 mil, no dia 03/06/2014.
“Não lembrava”, também, de uma transferência bancária de sua conta para a conta da SCJ Agropecuária, no valor de R$ 200 mil, no dia 11/09/2014.
Também não se recordava “especificamente de transferências feitas de sua conta pessoal em favor das empresas SCJ e Stars Barou, em favor de conta de Pedro da Silva”.
Segundo declarou Alckmin, o diretor-presidente da Dersa, no seu governo, Laurence Casagrande, “é uma pessoa séria. É uma pessoa com uma enorme folha de serviços ao estado”.
Casagrande está preso, indiciado e denunciado por fraude à licitação (sete vezes), falsidade ideológica e associação criminosa.
Para o leitor que quiser conhecer um resumo das investigações, remetemos à íntegra da denúncia do Ministério Público Federal.
Isso, entretanto, não é tudo. O inquérito policial, que começou em 2016, provavelmente, dará origem a outras denúncias.
C.L.
Matérias relacionadas:
Com Lula na cadeia, cordão da Lava Jato é puxado por Alckmin