No aparelho do bolsonarista não há mensagens enviadas pelo ex-diretor da PRF. Então, a CPMI deduziu que o ex-diretor-geral tinha o hábito de apagar arquivos que pudessem incriminá-lo
Entre o conteúdo encontrado no celular do ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, alvo de investigações da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Golpe, instalada no Congresso Nacional, estão fotos dos ditadores Adolf Hitler (Alemanha) e Benito Mussolini (Itália).
E, ainda, imagens do ex-diretor segurando armas e registros ao lado do clã Bolsonaro.
Em público, posou de “bom moço” quando depôs na CPMI. “Lobo em pelo de cordeiro”, como diz o ditado popular. Pelos arquivos achados é notório admirador do nazifascismo. Pelos elementos apurados, tudo leva a entender que o ex-diretor da PRF vai ser um dos indiciados pela CPMI.
No aparelho, também havia áudios de xingamentos e cobranças contra os bloqueios em rodovias federais promovidos pela própria PRF durante o segundo turno das eleições de 2022. A informação é do blog da jornalista Malu Gaspar, de O Globo.
O celular de Silvinei tinha fotografias de Hitler ao lado do então ministro da propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, e do corpo de Mussolini pendurado pelos pés em posto de gasolina. Em outras imagens, o ex-chefe da PRF aparece segurando uma bazuca.
HÁBITO DE APAGAR OS PRÓPRIOS ARQUIVOS
De acordo com a jornalista, o material do celular contém indícios de as imagens terem sido encaminhadas por terceiros. Não há mensagens enviadas por ele — desse modo, a CPMI deduziu que o ex-chefe da PRF tinha o hábito de apagar os próprios arquivos.
Em 3 de outubro, o ministro Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu as quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-chefe da PRF, que tinham sido aprovadas pela CPMI dos Atos Golpistas do 8 de janeiro, no Congresso Nacional.
Silvinei também salvou fotos ao lado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e da então primeira-dama Michelle Bolsonaro durante as comemorações do Bicentenário da Independência — o evento é alvo de investigações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por propaganda indevida antes do período eleitoral.
CPMI SE ENCERRA APÓS 4 MESES
Na semana passada, a defesa de Silvinei solicitou ao juízo da 15ª Vara Federal para que os advogados do Senado Federal, da CPMI do 8 de janeiro, compartilhem os depoimentos e documentos que provam a participação do ex-chefe da PRF nos atos antidemocráticos.
Os trabalhos da CPMI terminam nesta terça-feira (17), depois de quase 4 meses e meio de investigações, com a leitura do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Na quarta (18), o colegiado vota a aprovação do texto.
Conforme balanço de depoimentos feitos e documentos recebidos, expedidos e rejeitados, a CPMI recebeu cerca de 11.931 arquivos com documentação sigilosa.
O QUE DIZ A DEFESA DO EX-PRF
O advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão disse “não conhecer a existência desses áudios e dessas fotos”. “E que a participação de grupos de WhatsApp pode ensejar a baixa automática para a biblioteca”, afirmou.
Em resposta às alegações de que Silvinei apagava as conversas, Simão pontuou que “o certo é que todos nós apaguemos”. “A memória do celular não é infinita. Silvinei nunca manifestou à defesa nenhum tipo de preconceito e discriminação”, está escrito em trecho do comunicado.
M. V.