
Um primeiro grupo da Força Nacional começou nesta segunda-feira (16) o reforço no patrulhamento na capital fluminense. Já estão no Rio de Janeiro 155 homens de um efetivo prometido de 300 agentes.
A Força Nacional seguirá as orientações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde atuará em conjunto nas vias expressas e rodovias estaduais, para impedir a entrada de armas e drogas. A PRF contará com 250 agentes, contabilizando 550 agentes ao todo na operação.
No início do mês, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, assinou uma portaria que autoriza a vinda dos agentes federais para o Rio. No último domingo (15), o ministro da Justiça, Flávio Dino postou um vídeo com o comboio da Força Nacional chegando ao Rio.
“Parte da Força Nacional chegando ao Rio, para ações planejadas com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. A atuação será em áreas de competência federal e medidas derivadas do setor da Inteligência, que também está sendo ampliado. Amanhã estarei no Rio para reuniões. Direções da Força Nacional, da PF e da PRF estarão comigo, assim como o secretário-executivo [Ricardo] Cappelli”, escreveu.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, deve se reunir, nesta terça-feira (17), com o Ministério Público Federal para debater a atuação das forças federais na segurança do estado.
O reforço havia sido solicitado pelo governador Cláudio Castro (PL), no fim de setembro, diante da crise de segurança no estado. No início de outubro, o ministro Flávio Dino autorizou o envio das tropas e equipamentos.
Dino também anunciou que serão repassados, a pedido de Castro, R$ 95 milhões para a construção de presídios de segurança máxima no estado. Ao todo, R$ 247 milhões já foram destinados ao Rio.
No início do mês, Cappelli havia suspendido o envio das tropas após questionamentos do MPF. Como as ações aconteceriam no entorno de comunidades, o Ministério Público Federal queria saber se os trabalhos estariam de acordo com as regras estabelecidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre as medidas, estava o uso de câmeras nos uniformes das polícias, que tem como objetivo a redução da letalidade policial. A Força Nacional, por exemplo, ainda não teve câmeras compradas pelo governo federal. Ao trabalhar nas rodovias, no entanto, a Força Nacional não precisaria usar câmeras nos uniformes, segundo o Ministério da Justiça.
CÂMERAS CORPORAIS
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (foto), afirmou nesta segunda-feira (16) que a falta de câmeras no uniforme de policiais foi o fator responsável por limitar a atuação da Força Nacional no Rio de Janeiro.
O envio da Força Nacional ao Rio de Janeiro havia sido autorizado pelo Ministério da Justiça no dia 2 de outubro, mas, devido a questionamentos do Ministério Público Federal, foi adiado.
No ofício, o MPF questionava uma possível obstrução das regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
“Houve esse questionamento do MPF criando alguns empecilhos e identificamos essa necessidade de mudança. O Cappelli deve passar a semana no Rio e teremos uma complementação na medida”, disse Flávio Dino a jornalistas.
“Há uma alusão neste momento sobre uso de câmeras, e não compramos câmeras ainda. Vamos comprar e receber doações, elas serão implementadas em um projeto experimental”, acrescentou.
MARÉ
A Polícia Militar do Rio de Janeiro voltou ao Complexo da Maré nesta segunda, no quinto dia da Operação Maré. Os policiais atuam em uma área dominada pelo Terceiro Comando Puro (TCP), a segunda maior facção criminosa do Rio.
Nesta segunda-feira (16) a operação entrou no 5º dia com registro de intenso tiroteio desde as primeiras horas da manhã. De acordo com a Polícia Militar, desta vez, os agentes do Batalhão de Choque e outras unidades do Comando de Operações Especiais atuam nas comunidades da Vila dos Pinheiros, Vila do João, Salsa e Merengue e Conjunto Esperança, na Maré, dominadas pela facção TCP.
O trabalho integrado das forças de segurança nos últimos quatro dias de operações já teve como resultado a prisão de 24 criminosos, apreensão de mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas, assim como de 100 kg de pasta base de cocaína. Mais de 10 fuzis e 101 veículos também foram apreendidos, além de 42 toneladas de barricadas terem sido retiradas das ruas.
Os moradores da Maré também ganharam de volta o acesso à piscina do Complexo Esportivo da comunidade. A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), que é parceira na ação, confiscou 248 aparelhos celulares em Bangu 3 e 4. Em média, já foram contabilizados R$ 20 milhões de prejuízo para as organizações criminosas.