Previsão de alta da inflação cai para 4,75% em 2023, mas Selic permanece em 11,75%
As instituições financeiras reduziram a projeção para inflação deste ano, de 4,86% para 4,75%, e mantiveram as suas estimativas para a taxa básica de juros (Selic) em 11,75% no encerramento de 2023, de acordo com Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (16).
Com a redução na expectativa de inflação e a taxa de juros básica (Selic) estando hoje em 12,75% ao ano, a taxa de juros reais segue elevada no Brasil, garantindo os brasileiros entre os maiores pagadores de juros do mundo.
Na penúltima semana de setembro, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduzir a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano, a taxa de juros reais estava em 6,40%, quando descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses (4,10%), segundo um levantamento feito pelo MoneYou. Com esse resultado, o Brasil caiu para 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, após ter figurado na 1ª colocação por 315 dias, ou 7 reuniões consecutivas do Copom. Em primeiro colocado ficou o México (6,61%).
Segundo o Boletim Focus, ainda, os analistas do “mercado” mantiveram também as suas expectativas de crescimento para economia este ano, em 2,92%. Sob o peso dos juros altos, a atividade econômica do país apresentou desaceleração no 2º trimestre, ao registrar um crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) frente ao trimestre anterior (1,8%) – resultado impulsionado pela safra agropecuária.
Nesta segunda-feira (16), o diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Maurício Moura, afirmou que o BC continuará a reduzir a taxa básica Selic, “enquanto achar que há espaço”.
Desde que começou a reduzir os juros, em agosto, o Copom realizou apenas dois cortes de 0,5 ponto percentual na taxa, demonstrando que quer continuar mantendo a economia do país em arrefecimento. Segundo ele, “a sinalização do Copom na última reunião é que o ritmo de redução de meio ponto percentual foi unanimidade”.
A declaração de Moura, durante transmissão ao vivo promovida pelo BC, veio após notícias difundidas na mídia na semana passada de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, teria falado, em reunião fechada, que seria “mais fácil” reduzir a magnitude da taxa Selic do que acelerar corte de juros.