O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou que um quinto avião trazendo brasileiros de Israel chegará na quarta-feira (18) ao Brasil, completando 1.137 brasileiros repatriados.
Trata-se da “maior operação de repatriação de brasileiros em zona de conflito” e exigiu da Força Aérea Brasileira (FAB) um “esforço fundamental”, disse.
A operação foi denominada “Voltando em Paz”.
Mauro Vieira, o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante da FAB, brigadeiro Marcelo Damasceno, deram uma entrevista coletiva depois de uma reunião para discutir a Operação “Voltando em Paz”.
O primeiro vôo vindo de Israel aconteceu no dia 10 de outubro e foi seguido de outros nos dias 11, 12, 13 e 14. Nesses vôos, 916 passageiros brasileiros foram trazidos de volta.
Com o que chegará na quarta-feira (18), serão 1.137 brasileiros repatriados.
Conforme contou Mauro Vieira, dois grupos de brasileiros estão em Gaza, que está sendo fortemente atacada por Israel, esperando que a passagem de Rafah, que os leva para o Egito, seja aberta.
Israel tem bombardeado a passagem de Rafah e impedido a saída de civis e entrada de ajuda humanitária.
Vieira disse que conversou com o ministro das Relações Exteriores do Egito e já está tudo pronto para que os brasileiros entrem no Egito para conseguirem decolar para o Brasil.
“Esse transporte também será feito pela FAB, a partir do Egito, uma vez que os brasileiros tenham sido autorizados a cruzar a passagem de Rafah e possam ser levados até nossa embaixada no Cairo”, disse.
Um grupo de 16 pessoas, entre elas crianças, mulheres e idosos, está em um local a 1 km da passagem de Rafah. Os demais brasileiros estão a 10 km de distância, mas poderá ser “no momento que for confirmada a abertura da passagem, rapidamente transportados por veículos já contratados pela embaixada do Brasil em Ramallah”.
Em sua fala, o ministro da Defesa chamou atenção de que o número inicial de inscritos para ser repatriado caiu bastante. Múcio citou ainda que houve “duplo registro” de brasileiros que queriam voltar.
O Brasil deu uma lição ao mundo em repatriação de cidadãos em zona de conflito. Enquanto outros países, como Inglaterra e EUA, exigem de seus cidadãos o pagamento do transporte, a operação brasileira teve o apoio dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), incluindo o avião presidencial.
O Brasil foi solicitado por outros países para transportar também seus nacionais.
EUA VETOU RESOLUÇÃO DE PAZ
Enquanto presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil apresentou uma sugestão de resolução defendendo um cessar-fogo e a criação de um corredor humanitário.
O texto teve o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho, enquanto outros dois se abstiveram. Somente os Estados Unidos votaram contra e agiram para vetar a resolução.
Mauro Vieira explicou que a proposta do Brasil tentou “acomodar todos os países do Conselho de Segurança”, mas os EUA não se contentaram e continuam defendendo os ataques indiscriminados de Israel contra a população palestina.
“Depois de intensas e múltiplas consultas, apresentamos um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros do Conselho. Esse texto focava na cessação das hostilidades, na criação de uma passagem humanitária para que pudessem sair os nacionais de terceiros países e que estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária”.
“Infelizmente, não foi possível aprovar essa resolução. Ficou claro uma divisão de opiniões”, avalia o ministro.
“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades, parassem com os sacrifícios humanos e que se pudesse dar algum tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros que estão na Faixa de Gaza”, continuou.