Após uma sessão tumultuada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o parecer ao projeto de reajuste de 9% do salário mínimo regional não foi votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O adiamento se deu por pedido de vista do deputado Claudio Tatsch (PL).
A suspensão da votação pela terceira vez no espaço de um mês provocou revolta nos sindicalistas presentes na Assembleia, que classificaram o novo adiamento do projeto que tramita desde maio, de “manobra regimental” para favorecer o governador Eduardo Leite e federações empresariais contrárias ao reajuste.
A presidente estadual da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor, denunciou o descaso com que os interesses dos trabalhadores gaúchos são tratados pelos poderes Executivo e Legislativo. Segundo Guiomar, o atraso tem prejudicado o direito dos trabalhadores a uma remuneração minimamente justa, recuperando parcialmente as perdas inflacionárias e resgatando o valor e poder de compra original do Piso Regional quando da sua criação.
“O projeto não foi votado na Comissão de Constituição e Justiça porque o deputado Tatsh, do PL, solicitou pedido de vistas, prorrogando por mais uma semana a agonia dos trabalhadores e trabalhadoras que dependem do reajuste do salário mínimo regional. Isso é uma vergonha”, disse.
De acordo com a presidente da entidade, “a pressão das entidades patronais mais uma vez surtiu efeito e esses deputados que estão aqui dentro para atender os interesses das entidades patronais, estão fazendo esse serviço de desabono do parlamento gaúcho. Nós, em nome do Fórum das Centrais Sindicais, da CTB, das nossas federações e sindicatos, repudiamos essa atitude e exigimos por parte do governo do estado, regime de urgência na votação do salário mínimo regional”, finalizou Guiomar.
O deputado estadual Miguel Rossetto (PT) comparou os pisos salariais dos estados do Sul do país, afirmando que, por exemplo, “no Paraná, que é um estado com economia e população semelhantes ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores e as trabalhadoras de lá, desde o dia 1º de janeiro, estão recebendo o piso reajustado e lá ninguém recebe menos que R$ 1.750. Nós estamos entrando em outubro de 2023 e não tivemos reajuste neste ano. Aqui, o piso é de R$ 1.443. São R$ 300 a menos que o do Paraná”, alertou.
Além da CTB, a CUT e outras centrais também protestaram contra o adiamento do votação com um ato no centro de Porto Alegre na quarta-feira (18).
“A base aliada de deputados do governo Leite, que está no seu quinto ano de mandato, nega o reajuste da inflação para o piso regional, mas reajustou o salário do governador em 32%, além de aumentos salariais ao vice, aos secretários estaduais e aos próprios deputados”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.