Ao menos 35 ônibus foram queimados na zona oeste do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (23). Os ataques ao transporte público teriam começado depois da morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, Matheus da Silva Rezende.
Em apenas um dia, a cidade do Rio de Janeiro teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo dados da Rio Ônibus. Segundo o sindicato, foram 35 veículos queimados, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento.
Devido ao caos na cidade, a estatal Mobi-Rio, que administra o sistema BRT na cidade, suspendeu a circulação de ônibus na região, o que causou um imenso engarrafamento na cidade. De acordo com dados da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), 61 ônibus tinham sido queimados no Brasil até 28 de setembro de 2023. Em 2022, foram 63. Os dados não consideram os veículos queimados na capital fluminense hoje.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Rio, os ataques “provavelmente seriam retaliação dos milicianos”.
Conhecido como Teteu e Faustão, o sobrinho do chefe da milícia foi baleado durante operação da PCERJ (Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro), nesta segunda-feira na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense.
O governador do Rio, Cláudio Castro, parabenizou os policiais pela ação. Segundo ele, a PM teria prendido o sobrinho de Zinho, em Santa Cruz. “Hoje demos um duro golpe na maior milícia da zona oeste. Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como ‘homem de guerra’ do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio”, escreveu Castro, na rede social X, antigo Twitter.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também se pronunciou sobre os ônibus queimados na rede social X. “Quando o sujeito além de bandido é burro. Milicianos na zona oeste queimam ônibus públicos pagos com dinheiro do povo para protestar contra operação policial. Quem paga é o povo trabalhador. E para piorar, tivemos que interromper serviços de transporte na zona oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais! Como prefeito, apelo ao Governo do Estado e ao Ministério da Justiça para que atuem para impedir que fatos assim se repitam”, disse Paes.
As regiões de Guaratiba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz, Inhoaíba, Campo Grande e Avenida Brasil estão com bloqueios por causa dos ônibus queimados. Polícia Militar e Corpo de Bombeiros estão nestes locais. Carros de passeio e barricadas também estão sendo incendiados.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram coletivos em chamas e o grande volume de fumaça próximo a estação Cesarão, em Santa Cruz. Em outras imagens, um articulado foi abandonado por passageiros e motoristas na Estrada do Magarça. Um outro vídeo mostra o momento em que um criminoso coloca fogo em um ônibus.
O COR (Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro) afirmou que a cidade entrou em estágio de mobilização às 16h50 desta 2ª feira (23.out) por conta dos ataques a ônibus. Segundo o órgão, “o estágio de mobilização é o 2º nível em uma escala de 5 e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade”.
“Veículos foram incendiados em diversas vias da zona oeste do Rio. Diante disso, há impactos em vários bairros daquela área. O estágio de mobilização é o 2º nível em uma escala de 5 e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade. Há possibilidade de nova mudança de estágio devido à chuva e/ou outros fatores”, informou…
A Mobi-Rio informou que, por questão de segurança, as linhas que circulam no corredor Transoeste foram suspensas temporariamente na tarde desta 2ª feira (23.out).
COMITIVA FEDERAL
Na noite desta segunda-feira (23), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a ida para o Rio de Janeiro de uma equipe chefiada pelo secretário-executivo Ricardo Cappelli e composta pelo Secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar; e o Comandante da Força Nacional, coronel Alencar.
Segundo Dino, eles “irão reunir com as nossas Superintendências da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Também com as equipes dos governos estadual e municipal”.
“Estamos mantendo e ampliando operações diárias no Rio, no que se refere à competência federal, com realização de prisões, investigações, patrulhamento e apreensões. Vamos aumentar mais ainda as equipes federais, em apoio ao Estado e ao Município”, disse.
“Em um sistema federativo, temos que respeitar os demais entes da Federação e buscar ações convergentes, o máximo quanto possível. Foi assim que agimos em outros estados que atravessaram crises de Segurança neste ano de 2023. Teremos novas decisões nos próximos dias, sob orientação do Presidente Lula”, ressaltou Dino.