“Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. Os EUA poderiam ter interferência maior, mas as pessoas não querem”, afirmou o presidente
O presidente Lula defendeu nesta terça-feira (24) a solução de dois Estados para a conflito no Oriente Médio. “É preciso que a gente consiga que lá, no Oriente médio, Israel com um território que é seu, que está demarcado pela ONU, e os palestinos tenham direito de ter a sua terra”, destacou Lula.
“É simples assim”, prosseguiu o presidente, “e não precisa ninguém ficar invadindo a terra de ninguém. Todo dia a gente vê que colonos de Israel invadem a terra dos palestinos, e a ONU não faz nada porque a ONU está enfraquecida”, afirmou o presidente. O Brasil aprovou uma resolução pelo cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU, mas os Estados Unidos vetaram a medida que teve apoio de doze nações.
Ele voltou a criticar a atuação da ONU no episódio. “Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. Os EUA poderiam ter interferência maior, mas as pessoas não querem. As pessoas querem guerra, as pessoas querem incentivar o ódio, estimular o ódio, e eu não vejo assim”, disse Lula.
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Conversa com o Presidente https://t.co/zIGoso0D2j
— Lula (@LulaOficial) October 24, 2023
“Então quando eu vejo as autoridades falarem em guerra, porque fulano tem que matar sicrano, porque sicrano tem que derrotar. Não é assim que a gente resolve o problema. Numa mesa de negociação, não morre ninguém, custa mais barato e a gente pode encontrar solução”, afirmou o presidente.
Em sua participação no programa, Lula também disse que aguarda autorização do Egito para trazer brasileiros na Faixa de Gaza e criticou a reação israelense contra palestinos. Ele disse que os ataques do Hamas não justificam mortes de ‘milhões de inocentes’ na Palestina. “Não é porque Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade”, disse.
“Vamos trazer de volta todos os brasileiros e vamos ajudar aqueles que são dos países vizinhos”, acrescentou Lula na transmissão semanal, retomada nesta manhã após cirurgias feitas por Lula no quadril e nas pálpebras. “Porque é aqui o lugar deles, um país seguro, que não tem guerra, e a gente pretende dar a eles a cidadania que eles não conseguiram conquistar morando em Faixa de Gaza, com a truculência que está acontecendo lá, com os bombardeios”, pontuou. Ao todo, 32 pessoas esperavam o transporte nesta terça – entre brasileiros e palestinos que solicitaram abrigo.
“Estou falando com todo mundo para que a gente consiga três coisas. Primeiro: garantir o corredor humanitário, para que as pessoas possam receber água, comida, remédio. Garantir que não falte energia elétrica nos hospitais, para que as pessoas possam ser tratadas. E garantir que não se mate mais crianças. Não tem exemplo na humanidade de guerra em que quem morre mais é criança, que não está na guerra”, disse.
“Eu já falei com o presidente do Egito. O meu ministro já falou com o ministro das Relações Exteriores. Ou seja, o avião presidencial, o menor, já está no Cairo à espera dessa gente. Assim que abrir a fronteira, nós vamos buscar os nossos brasileiros e trazer para cá”, continuou.
“Conversei com muitos presidentes sobre a guerra no Oriente Médio. A criação do corredor humanitário, o cessar fogo e a repatriação dos brasileiros na Faixa de Gaza são prioridades da diplomacia brasileira. As crianças não podem continuar sendo assassinadas dos dois lados. Temos que falar de paz e solução para esse conflito. Israel e Palestina têm que ter seu direito à terra. Esse é o meu papel: garantir as condições para a paz”, disse Lula.
Ele conversou também por telefone na segunda-feira (23) com o presidente russo Vladimir Putin. Eles trataram dos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia. O presidente Lula relatou a situação dos brasileiros em Gaza e reiterou a urgência de criação de corredor humanitário que permita a saída dos estrangeiros e a entrada de remédios, água e alimentos na Faixa de Gaza.