A relatora da CPMI do Golpe, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe ofendeu e reclamou de seu relatório final porque “está com medo de ser preso”.
“Jair Bolsonaro foi o pior presidente da história do Brasil. Suas palavras ditas em ato hoje em Goiânia não valem nada, não me atingem. Mulher e nordestina sempre foram um alvo preferido para ele, já agredira antes a imprensa livre, os negros e os pobres, e tentou liderar um golpe no Brasil”, publicou a senadora.
“Bolsonaro está inelegível por 8 anos. O relatório da CPMI foi incorporado em sua totalidade às investigações do STF [Supremo Tribunal Federal]. Está com medo de ser preso e por isso fala tanta bobagem”, continuou.
O relatório afirma que Jair Bolsonaro “foi autor, seja intelectual, seja moral”, da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro. Por isso, ele foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Na sexta-feira (27), Bolsonaro disse que o relatório da CPMI “é tão desqualificado quanto a senadora” Eliziane Gama, que estaria, segundo ele, a serviço do ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Golpe? Desde quando assumi, me acusavam de querer dar um golpe”, reclamou o ex-presidente.
Mesmo antes de assumir a Presidência, Jair Bolsonaro já tinha dado inúmeras declarações a favor de um golpe de Estado. Ao longo de seu mandato ameaçou o STF, disse, sem provas, que as eleições foram fraudadas, organizou paradas militares para tentar botar medo no Congresso Nacional e açulou seus seguidores contra a democracia.
De acordo com a CPMI do Golpe, Jair Bolsonaro, “desde o primeiro dia de seu governo, atentou contra as instituições estatais, principalmente aquelas que significavam, de alguma forma, obstáculo ao seu plano de poder. Em verdade, já bradava contra as instituições mesmo no século passado, defendendo em vários momentos ações da ditadura militar”.
Ele “instrumentalizou não somente órgãos, instituições e agentes públicos, mas também explorou a vulnerabilidade e a esperança de milhares de pessoas”.
O relatório cita ataques de Jair Bolsonaro contra jornalistas e instituições, como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disseminação de mentiras sobre o processo eleitoral e apoio a grupos que pediam um golpe, como os acampamentos em frente aos quartéis do Exército.
Além disso, cita os planos golpistas de Jair Bolsonaro com o hacker Walter Delgatti, a tentativa de atrapalhar o segundo turno com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a proposta de um golpe militar que foi apresentada aos comandantes das Forças Armadas.
“Massas foram manipuladas com discurso de ódio; milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo, desqualificar adversários e promover ataques ao sistema eleitoral; forças de segurança foram cooptadas; tentou-se corromper, obstruir e anular as eleições; um golpe de Estado foi ensaiado; e, por fim, foram estimulados atos e movimentos desesperados de tomada do poder”, aponta a CPMI.
AMEAÇAS
Após ler seu relatório na CPMI incriminando Bolsonaro, a relatora da CPI que investigou a tentativa de golpe do 8 de janeiro passou a receber ameaças.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autorizou escolta policial diária para Eliziane. A decisão atendeu a pedido da própria senadora, que relatou ter recebido ameaças em redes sociais.
A escolta é realizada por policiais legislativos. A equipe acompanha Eliziane em deslocamentos e no trabalho, em Brasília e no Maranhão.
O relato da senadora aconteceu durante a sessão destinada à votação do relatório final da CPI na quarta-feira, dia 18.
“Eles fazem aqui um discurso de ódio na rede social, são as informações mais absurdas possíveis: agressão, ameaça de morte, claramente, ameaça de morte à minha família, dizendo que estão me esperando em aeroportos, que eu não posso mais sair na rua porque vão me atacar. E eu quero dizer que todas essas informações eu compilei”, relatou a senadora, que afirmou também ter enviado as informações para a Polícia Federal e a Advocacia-Geral do Senado.
“Diante de tudo que eu recebi, nesse celular, de ameaças, não há dúvida nenhuma de que, como alguém que tem uma família que depende de mim, eu preciso, presidente, de um apoio, de uma defesa”, afirmou.
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