Inflação cai para 4,63% e Selic fica em 11,75%. Juro real continua nas alturas
Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), as instituições financeiras voltaram a reduzir a projeção para inflação deste ano, que caiu dos 4,65% para 4,63%, sem alterar as suas estimativas para a taxa básica de juros (Selic) mantidas em 11,75% no encerramento de 2023, de acordo com Boletim Focus BC, divulgado nesta segunda-feira (30).
Com a redução para estimativa de inflação e a taxa de juros básica (Selic) no patamar elevado de 12,75% ao ano, a taxa de juros reais do Brasil segue entre as maiores do mundo. Na penúltima semana de setembro, o Brasil estava na 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, após ter figurado na 1ª colocação por quase um ano, desde outubro de 2022.
Segundo o levantamento feito pelo MoneYou, após o Banco Central reduzir a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano, a taxa de juros reais ficou em 6,40%, quando descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses (4,10%), sendo ultrapassado pelo México, cujo a taxa estava em 6,61%.
Segundo o Boletim Focus, ainda, os analistas projetam cortes menores na taxa Selic para os próximos anos. Para o fim de 2024, a projeção para Selic foi elevada dos 9% para 9,25% ao ano. Já para o encerramento do ano de 2025, também houve um aumento de 0,25 pontos percentual, saindo de 8,50% para 8,75%.
Para este ano, em que a política de juros altos do BC está desacelerando a atividade econômica brasileira, os analistas de mercado preveem um crescimento do PIB brasileiro de 2,89%, o que corresponde a uma queda de 0,01 ponto percentual ante a última projeção (2,90%).
Após a indústria, serviços e comércio seguirem com o fraco ritmo nas suas atividades na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, o Copom volta a se reunir nesta terça (31) e quarta-feira (1º), para decidir os rumos da taxa Selic. A expectativa é que o Copom realize apenas mais um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.
Sob o peso dos juros altos, o desempenho da economia brasileira caiu no 2º trimestre, ao registrar um crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) frente ao trimestre anterior (1,8%) – um resultado obtido pela safra agropecuária recorde.
Os indicadores Monitor do PIB/FGV e IBC-Br do BC apontaram que a atividade econômica do país recuou -0,6% e 0,77%, respectivamente, em agosto frente a julho deste ano. Ambos os indicadores são considerados como prévias para o resultado do PIB que é divulgado oficialmente pelo IBGE.
Após a divulgação destes indicadores, economistas e analistas de mercado já avaliam que o Brasil pode entrar em recessão técnica no fim deste ano. Segundo uma pesquisa realizada pelo Broadcast do Estado de São Paulo, com 30 instituições financeiras, o PIB deve cair -0,2% no terceiro trimestre. Para o quarto trimestre, a mediana aponta para um recuo de -0,1%.
Caso se confirmem essas previsões, a economia brasileira entrará em recessão técnica, já que haverá dois trimestres consecutivos de recuo da atividade econômica. Essa situação não ocorre desde o fim do segundo trimestre de 2020.