Eles relatam o clima de terror no sul de Gaza com os bombardeios israelenses e dizem que têm medo de morrer. Corpos estão espalhados pelas ruas
A divulgação nesta quarta-feira (1) de uma lista de 500 estrangeiros que poderão deixar a Faixa de Gaza sem a presença de nome de brasileiros deixou preocupada a representação diplomática do país na região. Os brasileiros ficaram desesperados ao saberem que tinham ficado de fora da lista dos que poderão sair. Eles dizem que o clima é de terror.
O primeiro grupo de estrangeiros moradores da Faixa de Gaza começou a deixar o território sob ataque de Israel nesta quarta (1) para o Egito, após um acordo mediado pelo Qatar. “Ainda não há brasileiros na lista divulgada hoje”, disse o embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas. “Acredito que em breve novas listas serão publicadas, e espero que nossos brasileiros estejam nelas”, disse Candeas.
O Brasil tem conversado com o Qatar, que lidera esforços de negociação, e com outros países interessados em tirar seus moradores. Segundo o mais recente balanço do embaixador Alessandro Candeas, o grupo que aguarda liberação é formado por 24 brasileiros, 7 palestinos em processo de imigração e 3, parentes próximos deste último grupo.
A primeira leva, liberada hoje, segundo o Itamaraty, é formada por cidadãos da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca, além de pessoal da Cruz Vermelha e de ONGs. Eles começaram a sair por Rafah, posto na fronteira sul com o Egito. A expectativa é de que cerca de 500 pessoas deixem a região nesta quarta-feira, segundo a agência de notícias Reuters.
Os brasileiros relatam o clima de terror no sul de Gaza provocado pelos bombardeios constantes de Israel. Bairros inteiros estão sendo varridos do mapa. Nem hospitais são poupados pelos fascistas de Tel Aviv, comandados por Benjamim Netanyahu. Há problemas com internet, com a energia, falta de comida e água. A morte ronda todas as casas.
Corpos de adultos e crianças estão espalhados pelas ruas, num dos maiores crimes já cometidos contra a humanidade.
O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, afirmou estar ciente do desespero das famílias e disse estar trabalhando pela liberação dos brasileiros.
Hasan Habbee, um dos brasileiros da Faixa de Gaza descreveu o desespero da situação. “Terrível aqui o bombardeio. Desde ontem não parou nem um segundo. Estou no último andar pra conseguir me comunicar”, disse Hasan Habbee, afirmando utilizar um chip brasileiro para falar com amigos e familiares.
No Brasil, o diretor de arte e animação Marcos Faria, que é amigo de Hasan, disse que eles estão desesperados. “Estamos com o coração na mão”, afirmou Faria.
Na terça-feira (31) Israel jogou bombas sobre um campo de refugiados matando mais de cinquenta pessoas e dezenas de crianças. Familiares de 81 dos feridos graves pelos ataques israelenses foram avisados de que poderiam deixar a área. Segundo a mídia egípcia, os 19 primeiros pacientes já deixaram Gaza. Cerca de 40 ambulâncias estão na região fronteiriça, um hospital de campanha para casos urgentes foi montado e unidades médicas nas cidades de Sheikh Zuweid e Al Arish, mais distantes, foram mobilizadas.
A ditadura israelense segue dizimando os palestinos em terra, com colunas blindadas, cercando a área da de Gaza, capital da faixa. Também nesta quarta, navios israelenses chegaram à costa de Eilat, no mar Vermelho para apertar o cerco contra a população palestina. Um grupo de porta-aviões americano também está a caminho das águas, vindo do Mediterrâneo pelo canal de Suez (Egito). O mundo inteiro está protestando contra o regime de Israel.