A Câmara dos Deputados realizou audiências públicas, na terça-feira (8) e quarta-feira (8), em defesa dos direitos do povo palestino, denunciando os crimes de guerra cometidos por Israel e pedindo um cessar-fogo imediato.
Na terça-feira (7), um deputado bolsonarista tentou implodir o debate com uma fala cheia de provocações e insultos aos palestinos e foi escoltado para fora pela Polícia Legislativa.
A audiência, realizada na Comissão de Legislação Participativa, contou com a presença de pesquisadores, representantes da comunidade árabe-palestina e embaixadores estrangeiros.
O presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), Ualid Rabah, denunciou que os bombardeios de Israel contra a população civil na Faixa de Gaza faz parte de “um plano muito claro para extermínio da população palestina em curto, médio e longo prazos”.
“Quem mata filhos e mães planeja o extermínio de um povo”, insistiu. Mais de 4 mil crianças foram assassinadas por Israel desde o dia 7 de outubro, quando o conflito foi aquecido por um ataque do grupo Hamas.
Ualid Rabah descreveu que as bombas jogadas por Israel contra a Faixa de Gaza já superaram a capacidade destrutiva da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos contra Hiroshima, no Japão.
O presidente da Fepal disse que Israel mantém a população palestina presa em Gaza como em um campo de concentração ou de extermínio.
Ahmed Shehada, que preside o Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL), lembrou que Israel tem assassinado jornalistas e até funcionários da ONU na Faixa de Gaza.
Além disso, destacou que o alegado “direito de defesa” não se aplica quando está no contexto de uma ocupação militar de outros territórios, como o que Israel faz na Palestina.
Um diplomata da Palestina no Brasil, Ahmed Fahkri Al Assad, assinalou que os conflitos não começaram no dia 7 de outubro, mas se estendem há décadas com a ocupação de território e violência de Israel contra o povo palestino.
Além das dezenas de milhares mortes causadas, Israel tem forçado que o povo palestino abandone seus territórios. O objetivo de Israel é eliminar o povo da Palestina, “se não é matando-os, é, então, deslocando-os”.
Abílio Brunini (PL-MT) foi à audiência para falar que todos os discursos eram “pró-Hamas” e a favor do terrorismo. Ele foi escoltado para fora do local pela Polícia Legislativa.
Erika Hilton (PSol-SP) disse que o conflito “não é uma guerra, e sim um genocídio”.
“O que Israel está fazendo, ao matar crianças, atacar a infraestrutura básica e até mesmo impedir ao povo de Gaza o acesso à água é matar o futuro de um povo enquanto se justifica dizendo combater terroristas. Essas 4 mil crianças não eram terroristas. Eram crianças”, escreveu.
Uma segunda parte da audiência, que ouviria pessoas que apoiam os atos de Israel, aconteceria durante a tarde de quarta-feira (8) se o local não estivesse completamente esvaziado.
DIREITOS HUMANOS
Outra audiência aconteceu na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial para falar da crise humanitária na Faixa de Gaza na quarta-feira (8).
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a audiência teve o objetivo de “repudiar os crimes praticados contra milhares de civis inocentes em Gaza, além de reforçar a necessidade de um cessar-fogo imediato e da criação de corredores humanitários”.
“Este conflito já dura mais de 70 anos e é imperativo que se cumpra a determinação dos dois Estados independentes, conforme os acordos estabelecidos pela ONU. Cessar fogo já!”, disse.
Ela chamou de “lamentável” o tumulto causado por bolsonaristas que entraram na audiência, na terça-feira, para defender os crimes praticados por Israel.