Ambulâncias teriam prioridade, mas, segundo o embaixador na Cisjordânia, Alessandro Candeas, os bombardeios em hospitais e a forte presença militar israelense na fronteira atrasam a passagem e a movimentação das ambulâncias
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou, nesta sexta-feira (10), em entrevista à Globo News, que autoridades de Israel são os responsáveis pelas listas de quem pode ou não sair de Gaza. A grande maioria dos que já deixaram Gaza são de países alinhados com o regime israelense.
Questionado sobre como são definidas as nacionalidades que deixarão a zona de guerra, o chanceler confirmou que o governo israelense detém esse poder de decisão. “Israel tem sim uma palavra definitiva sobre quem sai. Há militares de Israel em Gaza e a abertura é feita do lado de Gaza com autorização e participação direta de Israel”, afirmou.
“Agora, com estes problemas desta sexta-feira (10), não é possível dizer quando brasileiros deixarão Gaza”, prosseguiu o ministro. Ele afirmou que tem negociado com o chanceler de Israel, Eli Cohen, a liberação dos brasileiros. Apesar das promessas, os brasileiros não passaram pela fronteira.
O grupo de 34 pessoas está descrevendo uma situação de horror em Gaza, com bombardeio permanente por parte de Israel. Eles relatam também falta de água e de comida e que está havendo muitas mortes, principalmente de crianças.
“Ontem, ele [ministro das Relações Exteriores de Israel] voltou a me informar que eles [os brasileiros] estavam autorizados [a sair], mas novamente não saíram, apesar de terem sido mobilizados até o posto de controle, não puderam passar”, disse Vieira, lembrando que também na quarta-feira (8) já tinha havido frustração sobre a saída do grupo.
Segundo o ministro, o governo brasileiro está fazendo todos os esforços para trazer de volta os brasileiros que estão retidos em Gaza. Já há até um avião da FAB, enviado para o Egito, aguardando a passagem do grupo. Mais de mil brasileiros que estavam em Israel já foram trazidos de volta pelo governo. Mas, agora, por conta de critérios não transparentes na formulação das listas de Israel para definir a saída de Gaza, os brasileiros estão presos e sob intenso bombardeio das tropas de Israel.
Na quinta-feira (9), os brasileiros foram incluídos pela primeira vez numa lista de estrangeiros que deveriam deixar a Faixa de Gaza. Isso deveria ocorrer nesta sexta. Entretanto, a fronteira de Rafah foi fechada temporariamente por volta das 11h (de Brasília) após problemas. A ditadura israelense continua bombardeando Gaza. “Nós temos uma lista de 34 nomes que quando for aberta a fronteira terão acesso, segundo as autoridades de Israel me garantiram, ao outro lado”, disse Vieira.
“São inúmeras questões que dificultam a abertura. A passagem de Rafah fica aberta durante algumas horas por dia e há um entendimento entre as partes que, em primeiro lugar, passam ambulâncias com feridos, e só depois disso passam os nacionais de outros países.” “O que aconteceu hoje [sexta-feira], ontem e quarta, em que não houve passagem do lado de Gaza para o Egito [foi] por justamente impossibilidade de terminar de passar as ambulâncias”, declarou o chanceler.
O embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, disse que a presença militar israelense e bombardeios de hospitais estão atrasando a saída de ambulâncias. “[Há] notícias de forte presença militar israelense e combates ao redor de hospitais, o que impede ou dificulta a saída de ambulâncias, sempre em coordenação com Israel e a Cruz / Crescente Vermelho.” Ele disse que cinco pessoas cruzaram a fronteira nesta sexta-feira (10) e informou que “dezenas ficaram retidas no norte de Gaza.”