O desembargador petista, Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), disse que o ato do juiz Sérgio Moro e do relator caso no tribunal, João Pedro Gebran Neto, que não aceitaram soltar Lula com base no habeas corpus (HC) absurdo e ilegal que ele concedeu, é “moralismo que tem formado heróis às avessas” no Brasil.
Em sua defesa apresentada no Conselho Nacional (CNJ), Favreto quer inverter as responsabilidades. Diz que ilegal foi quem barrou a sua ilegalidade. A irregularidade partiu de Favreto, que, em conluio com três deputados petistas (Paulo Pimenta, Wadih Damous e Paulo Teixeira), aproveitou-se das férias judiciárias para tentar dar um golpe e soltar Lula, num fim de semana. O objetivo era desmoralizar a Justiça, já que a decisão de Favreto sabidamente iria ser revertida depois. Só que a reversão veio muito antes do que eles esperavam.
Moro achou sem nexo o HC de Favreto, acionou a Polícia Federal (PF) e o relator do processo no TRF-4, Gebran Neto. Entrou em ação a Procuradoria Geral da República e depois o presidente do TRF-4, Thompson Flores, pronunciou-se sobre o caso, mantendo Lula na prisão. Favreto continuou forçando a barra para soltar Lula, mesmo sendo alertado sobre a ilegalidade do seu ato. Mais o golpe foi frustrado.
O inconformismo de Favreto está estampado na sua defesa. Ele ataca o juiz Sérgio Moro, que cumpriu seu dever. Segundo o desembargador petista, Moro foi “alçado a figura mitológica que combate o mal”. Ele também ataca o papel do relator do processo do tríplex de Lula no TRF-4, João Pedro Gebran Neto.
O desembargador petista queria que ninguém reagisse ao seu ato irresponsável, que todos se tornassem cúmplices da sua ação insana. Não é toa que ele confessa na sua defesa: “Naturalmente poderia ser revista [a sua ação] pelos tribunais superiores se fosse o caso, mas jamais, em nenhuma hipótese contida em nosso ordenamento, poderia ser objeto de revisão por um juiz de primeiro grau ou
por um desembargador do mesmo tribunal”. Se Moro, Gebran, Thompson e a PF tivessem aceito o HC de Favreto, estaria-se diante de um caso grave de omissão ante um crime.
O desembargador escamoteia, obviamente, sua relação com o PT e com Lula na sua “defesa”. Diz que apesar de ter trabalhado no governo Lula entre 2005 e 2010 nunca teve uma relação íntima o ex-presidente e por isso não viu motivo para se declarar suspeito de atuar no processo. Escondeu que foi filiado ao PT até a sua nomeação por Dilma Rousseff para o TRF-4. Muito imparcial, mesmo.
“Grandes atrocidades foram cometidas pela humanidade em nome da moral particular dos homens, de um homem ou de uma nação inteira”, diz Favreto na defesa assinada por ele e pelos advogados Marcelo Nobre e Danyelle Galvão. Some-se a essas atrocidades a moralidade deformada de tentar soltar ilegalmente um condenado, em duas instâncias, por corrupção e lavagem de dinheiro. Recursos roubados da Petrobrás.
Para Favreto, combater a corrupção e os corruptos é mero “suposto sentimento de moralidade”.
Saiba tudo aqui como se deu a conspiração doPT e do desembargador infiltrado no TRF-4, Rogério Favreto, para soltar Lula.
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