O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso há um ano e nove meses em Curitiba por crimes investigados pela Operação Lava Jato, divulgou sexta-feira (17) uma nota, que chamou de “carta à nação brasileira”, em que defendeu a candidatura de Lula à presidência da República. O ex-deputado, que foi cassado pelos pares, disse que o petista não pode jamais ser impedido de disputar, apesar de ser cobrado pela “irresponsabilidade” de ter “imposto ao país um poste sem luz chamado Dilma Rousseff”.
“Lula deve ser cobrado e responder por sua irresponsabilidade de ter imposto ao país um poste sem luz, chamado Dilma Rousseff; que destruiu a economia e a política. O petista não deve ser eleito pelo custo que impôs ao povo com sua desastrada escolha, mas jamais impedido de disputar”, escreveu o ex-deputado.
Na carta, ele defendeu ainda a candidatura de Danielle Cunha, sua filha mais velha, ao cargo de deputada federal, além de fazer campanha para o candidato do PMDB à presidência, Henrique Meirelles.
Eduardo Cunha foi preso em agosto de 2016. Ele foi condenado em segunda instância pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e evasão de divisas a uma pena de 14 anos e seis meses de prisão.
Durante os governos do PT-PMDB a influência de Eduardo Cunha cresceu enormemente. Não por acaso ele foi condenado pela Lava Jato. Durante o governo do PT recebeu propina de, pelo menos, US$ 5 milhões (cinco milhões de dólares) nos contratos dos navios-sonda da Petrobrás 10000 e Vitória 10000. Ele já foi condenado a 15 anos em duas instâncias em outro processo, no qual recebeu US$ 1,5 milhão em propina na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobrás, em 2011. O campo era seco, não tinha petróleo. Cunha intermediou a compra do poço em conluio com a diretoria da Área Internacional da estatal, na época ocupada por Jorge Zelada, indicado pelo PMDB. Ele atualmente cumpre pena no Complexo Médico-Penal de Pinhais, no Paraná.
Eduardo Cunha também indicou o vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Fábio Cleto, no governo Dilma Rousseff. Fábio Cleto foi preso pela Lava Jato e fez colaboração premiada, detalhando o esquema de corrupção na Caixa comandado por Eduardo Cunha e pelo PMDB.
É sem interesse ele querer Lula candidato novamente?
W. F.