“E quanto mais rápido ele resolver essa questão da meta do déficit zero, melhor será para ele e para o país”, acrescentou o economista e professor da UNB
O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), opinou, em reportagem com outros economistas, no jornal Correio Braziliense desta quinta-feira (16), que o ministro da Fazenda Fernando Haddad deveria ter liderado a revisão da meta fiscal do ano que vem.
O prazo para envio de propostas ao PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024, termina na sexta-feira (17). Como o governo não sinalizou para a mudança, crescem as chances da mudança da meta fiscal ficar somente para o primeiro trimestre do ano que vem. Também pode ocorrer da meta ser alterada por iniciativa do Congresso. Essas opções foram alvo de crítica do economista da UNB.
Ele disse acreditar que, diante da frustração de receitas ao longo desse ano e da evidente sinalização de que o governo não vai cortar gastos em 2024, Haddad deveria assumir a dianteira e apresentar parâmetros mais condizentes com a realidade atual.
“Haddad é o ministro. Por isso, a liderança dessa discussão tem que ficar com ele. E quanto mais rápido ele resolver essa questão da meta do déficit zero, melhor será para ele e para o país”, argumentou o economista e professor da UNB.
Oreiro criticou a opção de deixar a alteração da meta fiscal somente para o ano que vem, quando for apresentado o relatório de receitas e despesas do primeiro bimestre de 2024. O ideal, para o economista, seria que a equipe econômica revisse a meta agora e deixasse explícito qual o cenário econômico com o qual o governo trabalha.
“O compromisso do Haddad não pode ser com o erro. Se ele errou em abril, com previsões otimistas e metas ambiciosas, pode rever agora. Porque credibilidade não é anunciar metas ambiciosas, mas é anunciar metas factíveis”, completou Oreiro.
Na semana passada um manifesto de economistas criticou a meta de déficit zero no ano que vem apresentada por Fernando Haddad. “No atual cenário econômico, torna-se imprescindível a priorização do investimento em obras e serviços públicos essenciais e dos programas sociais, em detrimento de uma adesão rígida e dogmática a metas de resultado primário irrealistas”, afirmam economistas em manifesto.
No documento, eles rejeitam metas “inatingíveis e contracionistas” que levarão, na prática, a “cortes e contenções de recursos para investimentos”. O documento foi assinado por mais de 45 economistas, em sua maioria da Unicamp, USP e PUC-SP.
“Defendemos uma abordagem fiscal e orçamentária que esteja alinhada com os objetivos de promover o bem-estar social, a justiça econômica e o desenvolvimento sustentável. Rejeitamos metas potencialmente inatingíveis e contracionistas que conduzam a cortes e contenções de recursos para investimentos e políticas sociais e demais políticas públicas, desacelerando a economia e exacerbando as desigualdades”, diz trecho do manifesto.
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