Com dois meses seguidos de queda, índice considerado uma prévia do PIB (IBC-Br) recuou 0,64% no período
A atividade econômica brasileira recuou -0,06% em setembro, após ter registrado uma queda de -0,77% no mês de agosto, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado oficialmente pelo IBGE.
Com o segundo mês consecutivo em queda, a previsão para o PIB brasileiro, que corresponde à soma de todos os bens e serviços produzidos no país, ficou no vermelho no terceiro trimestre (jul/ago/set.) de 2023, ao marcar um recuo de -0,64%.
Em setembro, a produção industrial brasileira ficou estagnada, variando apenas 0,1% em relação a agosto. No ano, acumula queda de -0,2% e em doze meses ficou parada em 0,0%. As vendas no comércio varejista no país variaram 0,6% em setembro sobre agosto quando já havia caído -0,1%. O volume de serviços prestados no país recuou -0,3% frente ao mês anterior. Foi a segunda queda seguida, representando um resultado negativo acumulado de 1,6%. Todos os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os cortes a conta-gotas de 0,5 ponto percentual na taxa de juros Selic pelo BC estão se demonstrando insuficientes para liberar as travas que a autoridade monetária colocou na demanda de bens e serviços e na oferta de crédito nos últimos anos, como destaca o próprio Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em sua última reunião.
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres antecipado pelo Copom”, disse trecho do comunicado, em que a diretoria do BC reconhece que a inflação no Brasil continua na sua trajetória de desinflação, mas, mesmo assim, não vai acelerar os cortes na Selic.
Com a Selic em 12,25% ao ano, após ter ficado por 12 meses em 13,75% (de agosto de 2022 a agosto de 2023), o Brasil segue sendo o campeão mundial na cobrança de juros reais (descontado a inflação), já que a inflação vem desacelerando, conforme dados do IBGE.
Os juros altos impõem restrições à economia brasileira, reduzindo os investimentos das empresas e o consumo das famílias, além de agravar as dívidas de empresas e famílias, além do setor público (governo central, Estado, municípios e estatais), que pagou de juros R$ 699,7 bilhões no acumulado dos últimos doze meses (até setembro).
Sem demanda e com os juros em níveis elevados, crescem os pedidos de recuperação judicial e de falência. De acordo com a Serasa Experian, em setembro, 6,59 milhões de empresas estavam inadimplentes no país.