O tucano Geraldo Alckmin escapou de ser incomodado por seus adversários no insosso debate entre alguns candidatos a presidente, promovido pela Rede TV, na última sexta-feira, sobre os escândalos de propinas envolvendo seu governo. A operação da Polícia Federal, batizada de “Operação Pedra no Caminho”, indiciou dois assessores do ex-governador por desvios em obras do Rodoanel, em seu trecho norte. Nem uma palavra foi dita sobre o assunto. De acordo com o Ministério Público Federal, as fraudes, que envolveram desvios e superfaturamento, estão relacionadas a um convênio firmado entre a Dersa e a União no valor de 6,4 bilhões de reais. A Procuradoria estima que os desvios chegaram a 600 milhões de reais.
Entre os doze indiciados pela PF, está Laurence Casagrande Lourenço, ex-secretário de Transportes do governo Alckmin e o ex-diretor de Engenharia da Dersa, Pedro da Silva. Os dois ex-dirigentes da estatal nomeados por Alckmin, e que o ex-governador garantiu serem “pessoas sérias”, estão presos desde o dia 21 de junho. Pedro Silva, e Casagrande, foram nomeados por Alckmin para substituir, na Dersa, a equipe anterior, que tinha Paulo Vieira de Souza, o notório “Paulo Preto”, como figura mais proeminente. Tudo indica que o tucano substituiu uma quadrilha por outra. Segundo a PF, as contas bancárias de Pedro Silva movimentaram R$ 50 milhões nos últimos cinco anos.
Outro escândalo envolvendo Alckmin e que, estranhamente, ficou de fora das discussões, foi a operação abafa do ex-governador para esconder o assalto às merendas escolares no Estado de São Paulo. Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de Gabinete da Casa Civil do governo Alckmin, foi um dos envolvidos no desvio. Em depoimento à CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o ex-funcionário da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) Caio Pereira Chaves disse que a entidade pagou propina de 10% sobre o valor do contrato com a Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, o montante pago chegou a R$ 1,3 milhão. A CPI da Merenda acabou garantindo a impunidade dos criminosos aprovando um relatório articulado pela base aliada de Alckmin.