Famílias coreanas separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953) voltaram a se reunir nesta segunda-feira (20).
Num hotel no lado norte da fronteira entre a República Popular Democrática da Coreia – RPDC no monte Kunmgang e a Coreia do Sul, 177 famílias ficaram juntas e tiveram 11 horas para pôr em dia as conversas interrompidas há 65 anos.
“É minha última oportunidade para ver alguns dos meus familiares queridos”, declarou à imprensa Lee Kwon Joo, sul-coreano de 93 anos nascido em Pyongyang mas que depois da guerra ficou em Seul, ao abraçar seu sobrinho norte-coreano. Ele esperava com ansiedade por este encontro familiar. “Temos que nos conhecer pois estou muito velho e daqui a pouco estarei morto. Mas somos uma família e temos que continuar sendo uma família.
Feliz e emocionada, a sul-coreana Lee Keum Seon de 92 anos abraçou seu sobrinho norte-coreano Ri Sang Chol de 71 anos.
O último encontro de familiares do Norte e do Sul aconteceu em 2015 quando apenas algumas famílias foram contempladas. Muitas ficaram na fila das próximas visitas que não aconteceram em função do aumento das tensões entre Norte e Sul na Península Coreana motivadas pela hostilidade dos EUA contra a RPDC. Só agora foram retomadas as visitas e encontros de famílias como parte dos acordos dos diálogos de cúpulas entre os presidentes da RPDC, Kim Jong Un e da Coreia do Sul, Moon Jae-in.
Para muitas dessas famílias separadas desde a divisão do país a partir de 1953 quando foi firmado o acordo de armistício que não concluiu a guerra mas estabeleceu uma trégua mantendo-se o estado de guerra, essa talvez seja a última possibilidade de voltarem a ver-se. Segundo forntes sul-coreanas as listas dos que queriam participar dessas visitas incluíam 132.124 nomes dos quais apenas 20 mil conseguiram ver seus familiares desde que começou a realização de tais encontros. Mas as pessoas são velhas e vão morrendo. Dos mais de 132 mil relacionados na lista, apenas 56.990 ainda vivem e desses, 86% tem mais de 70 anos. O que indica que nesse ritmo a maioria das famílias separadas não se reencontrarão pelo menos uma vez após 65 anos de guerra.
Não por acaso tais encontros se revestem de grande emoção e constituem-se em imensa alegria para os que conseguem se reunir e ver seus familiares. Nem todos tiveram essa oportunidade e os que ainda vivem nem todos a terão, o que mostra a insanidade dessa situação de divisão da nação coreana.
O próximo encontro está previsto para acontecer no mesmo lugar entre quinta e domingo, de 30 de agosto a 2 de setembro, precedendo a próxima reunião de cúpula entre os presidentes Kim Jong Un e Moon Jae-in em data a ser confirmada em setembro.
ROSANITA CAMPOS