Cobrança surte efeito e governador de Minas se reúne com ministro da Fazenda, Fernando Haddad
O presidente Lula cobrou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por não ter se reunido com o governo federal para discutir o pagamento da dívida, por parte do Estado, de R$ 161 bilhões que se acumularam nos anos da sua gestão.
Enquanto isso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), se adiantaram e apresentaram propostas para quitar a dívida em reunião com Lula e o ministro Fernando Haddad.
Em um vídeo gravado durante a reunião com Pacheco, na terça-feira (21), o presidente Lula disse que “é importante lembrar que o governador de Minas Gerais [Romeu Zema] não compareceu a nenhuma reunião, ele mandou o vice”.
“Temos interesse que todos os Estados cumpram o que está na lei para que a gente possa ver esse país voltar à tranquilidade e normalidade. Espero que o governador compareça para conversar com o ministro da Fazenda [Fernando Haddad]”, continuou.
“Nós queremos resolver o problema, só espero que haja boa vontade do governador de fazer um acordo que seja razoável aos olhos da sociedade mineira e do povo brasileiro”, completou Lula.
O governo de Romeu Zema defende que a dívida seja paga a partir do Regime de Recuperação Fiscal. Rodrigo Pacheco, por outro lado, entende que esse plano prejudica os servidores públicos de Minas impedindo reajustes salariais e promoções.
“Minas tem uma dívida de, hoje, R$ 160 bilhões fruto de um acúmulo ao longo do tempo e, sobretudo, nos últimos cinco anos em que absolutamente nada foi pago”, argumentou Pacheco na reunião.
“O que nós estamos fazendo agora é apresentando uma proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, justamente com esse intuito de fazer com que não haja sacrifício dos servidores públicos, que já estão muito sacrificados, que não haja uma privatização de qualquer forma dessas empresas estatais que são ativos e propriedade dos mineiros e das mineiras”, acrescentou.
As propostas apresentadas por Pacheco vão desde a federalização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e outros órgãos estaduais até o uso de ativos judiciais, como os referentes às tragédias de Mariana e Brumadinho.
Em seu segundo mandato como governador de Minas, Romeu Zema se escanteou na discussão.
Foi somente depois da cobrança pública feita por Lula que Zema se reuniu, na quarta-feira (22), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar da dívida do Estado com a União. Pacheco também participou da discussão.
Romeu Zema falou que está “de acordo” com as propostas apresentadas por Pacheco ao governo federal. As propostas estão na mão do Ministério da Fazenda, que deverá fazer uma análise.
Segundo Pacheco, “foi uma conversa muito positiva, muito produtiva. Acredito que o governador Zema gostou da ideia. Agora vai tratar com o ministro Haddad dos termos dessa proposta”.