Empresários da indústria destacam o “baixo dinamismo em todos os grandes setores da economia” verificado em setembro e “os feitos negativos de uma conjuntura de elevadas taxas de juros”
O mês de setembro destacou-se pelo “baixo dinamismo em todos os grandes setores da economia”, de acordo com análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, com base nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mês, na comparação com agosto, a produção industrial variou tão somente +0,1%, já descontados os efeitos sazonais, enquanto as vendas reais do comércio varejista e o faturamento dos serviços registraram +0,2% e -0,3%, respectivamente.
Com o resultado de setembro, o Iedi cita que o desempenho da economia no terceiro trimestre “não foi bom, ainda que já se esperasse alguma acomodação vis-à-vis a evolução da primeira metade do ano”.
Em relação ao segundo trimestre, corrigidos os efeitos sazonais, “a indústria e o varejo ficaram estagnados, isto é, registraram 0% de resultado. Já os serviços variaram apenas +0,1%”.
O instituto cita a previsão para o desempenho da economia pelo Banco Central, com o IBC-Br registrando queda de -0,6% no terceiro trimestre frente ao trimestre anterior. O índice é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado oficialmente pelo IBGE. E o Boletim Macro Fiscal do Ministério da Fazenda, divulgado esta semana, que prevê um resultado com ajuste sazonal de 0,0% no terceiro trimestre. No boletim, o ministério reviu o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 de +3,2% para +3,0%.
“Ou seja, passado o impulso derivado da supersafra agrícola do início do ano, que tendia mesmo a se dispersar rapidamente devido ao baixo multiplicador macroeconômico do setor, e normalizadas as atividades dos serviços com a superação da pandemia de Covid-19, a economia brasileira vem carecendo de fontes de dinamismo”, ressalta a entidade em nota divulgada na sexta-feira (24).
JUROS ELEVADOS
“Também se fazem presentes os efeitos negativos de uma conjuntura de elevadas taxas de juros, prejudicando notadamente atividades associadas a bens duráveis, como a indústria e alguns ramos do comércio varejista”, diz.
“Quanto aos macrossetores industriais, os destaques negativos cabem àqueles cujo mercado demanda algum tipo de financiamento, seja das famílias seja das empresas, em condições adequadas de prazo e juros para se dinamizar. As elevadas taxas de juros ainda praticadas no país constituem um importante obstáculo ao crescimento desta parcela da indústria”, manifestou o Iedi (Carta 1233) na semana anterior ao analisar o “quadro de estagnação” da indústria após o resultado da produção industrial divulgada pelo IBGE.
O Iedi destaca que na comparação com o ano passado, “a produção física da indústria evitou o terreno negativo, mas nem por isso cresceu. Registrou 0% de resultado no 3º trim/23, tendo em bens de capital (-14,1%) e bens de consumo duráveis (-1,1%), seus piores casos”.
Regionalmente, metade dos parques industriais registrou perda de produção e entre os quais estão parques de destaque das regiões Sudeste e Sul e o Nordeste.
“Por sua vez, o setor de serviços, que vinha liderando a expansão na primeira metade do ano, pisou no freio”, ressaltou. No terceiro trimestre, o volume de serviços variou +1,0%, decorrente de desacelerações em todos os setores pesquisados pelo IBGE. No primeiro trimestre deste ano, acumulava crescimento de 5,5%.
Na avaliação do Iedi, o comércio varejista não se saiu mal em comparação com o ano passado, graças à desaceleração da inflação e melhoria do emprego e ao programa de redução de impostos de veículos. Ambos os fatores têm dinamizado ramos de grande peso para o setor, com destaque para as vendas de veículos e autopeças de supermercados.