Representantes de instituições financeiras consultados pelo BC também reduziram a projeção para a inflação. Os juros vão continuar nas alturas
As instituições financeiras voltaram a reduzir a estimativa de inflação deste ano, que passou de 4,55% para 4,53%, de acordo com boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (30).
Foi a terceira redução seguida da projeção da inflação, sem que os analistas de mercado alterassem a expectativa para a taxa básica de juros (Selic) do BC, projetada para 11,25% no encerramento de 2023, o que aumenta ainda mais o juro real no Brasil.
O BC consultou mais de 100 instituições financeiras, na última semana, sobre as projeções para a economia brasileira. Pela mediana das projeções, o ponto médio da taxa Selic ficou em 11,25%, o que significa que metade das instituições ouvidas indicaram uma Selic maior no fim deste ano.
O mercado financeiro também voltou a reduzir a expectativa de crescimento para economia brasileira, que caiu de 2,85% para 2,84% este ano, após o Ministério da Fazenda reduzir a sua previsão de crescimento, de 3,2% para 3%.
Nas últimas semanas, indicadores considerados como uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB) – que é calculado oficialmente pelo IBGE – apontaram que em setembro a atividade econômica do país seguiu em ritmo de arrefecimento.
Com os juros altos enfraquecendo o consumo e restringindo os investimentos no país, a atividade econômica brasileira recuou -0,64% no terceiro trimestre deste ano, após a queda de -0,06% registrada em setembro, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).
Já o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas indicou que a economia retraiu 0,6% em setembro frente a agosto. E apontou estagnação econômica na passagem entre os meses de julho, agosto e setembro. Neste período, os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 5,3%, principalmente pela queda dos investimentos em máquinas e equipamentos.
“A estagnação do PIB no terceiro trimestre, em comparação ao segundo, reflete a fragilidade de sustentação de crescimento da economia brasileira. A desaceleração da agropecuária e do setor de serviços, explica a estagnação da economia pela ótica da oferta. Pela ótica da demanda, destaca-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)”, segundo Juliana Trece, responsável pelo indicador.