Nas eleições legislativas realizadas no domingo 22 na Argentina, a ex-presidente Cristina Kirchner foi eleita senadora com 3.422.474 votos, sendo a dirigente peronista mais votada do país nessa disputa. “Unidade Cidadã veio para ficar”, reafirmou no discurso em que situou politicamente o movimento UC como “a principal força opositora contra o modelo político e social de ajuste do governo Macri”. Enviou uma mensagem aos líderes do peronismo e de outras forças políticas de oposição que triunfaram em seus distritos “porque se diferenciaram do governo”. É preciso “ampliar a base de crescimento” para gerar a alternativa que deve ter um claro perfil “nacional e popular”, frisou.
Nesse sentido, a senadora eleita marcou os setores que a apoiaram como “a base, não a totalidade, da construção de uma alternativa a este governo”. Frase que foi interpretada como proposta da necessária organização de uma frente política que vá além da UC e inclusive do peronismo como estrutura partidária. Assinalou que sua força política “sabe que tem recebido seu voto fundacional, uma semente de esperança política e vamos regá-la todos os dias”. “Não estamos sós”, disse, e acrescentou, dando dicas de quais seriam seus eventuais aliados, que “há também em outras províncias claras e firmes lideranças políticas com os quais as oposições firmes e claras têm avançado em todo o país”.
Porém, apesar da importante vitória da eleição de Cristina Kirchner, a coalizão Cambiemos, que dá sustentação ao presidente neoliberal Mauricio Macri, venceu em 13 das 23 províncias do país. Na província de Buenos Aires, que concentra quase 40% dos eleitores, o candidato do Cambiemos ao Senado, Esteban Bullrich, conseguiu 41,39% dos votos, contra 37,24% da ex-presidente, elegendo 2 senadores dos três em disputa.
Um total de 78% dos 33,1 milhões de eleitores argentinos votou na eleição para renovar a metade das 254 cadeiras da Câmara de Deputados e um terço das 72 vagas do Senado. O partido de Macri não terá o controle total do Congresso, mas passa a ter mais força para aprovar as conhecidas reformas neoliberais que pretende, como a trabalhista, fiscal e política. E segundo o aliado de Michel Temer no Mercosul, essas medidas permitirão ao país ganhar “mais espaço em relação aos investidores estrangeiros para um crescimento econômico”.
Além de Buenos Aires, o Cambiemos ganhou em províncias importantes como Córdoba, Mendoza e Santa Fe.
As causas da vitória de Macri apesar de sua política nociva para os trabalhadores e o povo podem ser várias. Mas a principal é a divisão do movimento peronista em particular. Vejamos em detalhe os números do principal distrito eleitoral do país, a província de Buenos Aires. Na eleição para o Senado o Cambiemos ganhou, como apontamos acima, com 41,39% contra 37,245 da Unidade Cidadã. Mas a aliança País, do também peronista Sergio Massa, que disputou a eleição separado de Cristina, obteve 11,35% da votação. E a Frente Justicialista Cumplir, do ex-ministro Florencio Randazzo, teve 5,31%. Ou seja, unido, o movimento peronista somou 53,9% dos votos.