A indústria brasileira manteve-se na rota da estagnação em outubro, mês em que o setor registrou apenas uma variação de crescimento de 0,1% em sua produção física, em comparação com setembro (0%), “dando sequência à inatividade que tem marcado o setor de modo muito explícito desde jun/23”, afirma o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao analisar a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) de outubro, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última sexta-feira (1º).
“No centro do marasmo que marca 2023 estão as atividades mais negativamente impactadas pelo elevado nível de taxas de juros que ainda persiste no país”, destacou o Iedi em sua nota intitulada “Sem mudança de rota”.
“O pior caso é justamente aquele que não deveria estar no vermelho face aos atuais desafios: bens de capital. Na passagem de set/23 para out/23, já corrigidos os efeitos sazonais, a produção física de bens de capital encolheu -1,1%. Em sete dos dez meses já cobertos pelas estatísticas do IBGE não houve crescimento neste macrossetor”, observou o Instituto.
“Outro macrossetor com recuo foi o de bens de consumo duráveis: -2,4%, com o que liderou os casos negativos. Bens de consumo semi e não duráveis, por sua vez, encolheu -0,3%, fazendo com que o único a crescer em out/23 tenha sido bens intermediários (+0,9%), responsáveis por fazer com que a indústria como um todo não caísse”, também ressaltou o Iedi.
Variações interanuais da produção industrial
• Indústria geral: +0,4% no 2º sem/22; -0,3% no 1º sem/23 e +0,3% em jul-out/23;
• Bens de capital: -2,1%; -8,5% e -12,8%, respectivamente;
• Bens intermediários: -0,4%; -0,6% e +0,6%;
• Bens de consumo duráveis: +6,0%; +5,7% e -1,6%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: +1,6%; +1,7% e +2,5%, respectivamente.
Fonte: IEDI, com base nos números divulgados pelo IBGE.
O Iedi afirma que o ramo de produção que “melhor se saiu foram os bens de consumo semi e não duráveis, favorecidos pela redução da inflação de alimentos e pela melhoria da situação do emprego no país. Sua produção cresceu +2,5% em jul-out/23 frente a jul-out/22, devido sobretudo ao setor de carnes, exceto suínos (+10,3%), laticínios (+3,3%) e bebidas (+2,4%)”.
“Em seguida, mas com um dinamismo agregado muito baixo, ficaram os bens intermediários, com variação de +0,6% ante jul-out/22. Na origem disso, encontram-se os intermediários alimentícios (+7,7%), têxteis (+5,1%) e derivados de petróleo (+7,1%)”, explicou o instituto.
Na liderança das perdas, “estão os bens de capital, que, ademais, sinalizam para uma piora substancial na segunda metade do ano, passando de -8,5% em jan-jun/23 para -12,8% em jul-out/23. Entre seus componentes em pior situação ficaram: bens de capital para energia (-29,7%), para transporte (-22,8%) e para construção (-21,2%). Bens de capital para a indústria, em retrocesso há muito tempo, registrou -5,6% ante jul-out/22, ilustrou o Iedi.
O instituto também observou que Bens de consumo duráveis “reverteram uma alta de +5,7% na primeira metade do ano para uma queda de -1,6% em jul-out/23. A piora veio de automóveis (-1,0% ante jul-out/22), sugerindo que o programa de redução de impostos promovido pelo governo federal ainda não surtiu efeito sobre a produção industrial deste setor”.
Por fim, o instituto apontou os resultados negativos para outros segmentos de bens de consumo duráveis, como de bens de consumo da linha marrom (-10,2%) e móveis (-3,6%). “Entre os que cresceram, registraram desaceleração: outros equipamentos de transporte, que inclui motocicletas, por exemplo, e outros eletrodomésticos”, concluiu a entidade.