Do total de dívidas, 87,7% são com o cartão de crédito. Entre os inadimplentes, 35,6% são da faixa de baixa renda, aponta pesquisa da CNC
Em novembro, 76,6% das famílias brasileiras estavam endividadas, apurou pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O nível de endividamento tem recuado há cinco meses, mas o número de brasileiros ainda pendurados em dívidas, principalmente com os bancos, ainda é bastante expressivo em um cenário de juros altos e rendas baixas. Do total de dívidas, quase 90% (87,7%) são com o cartão de crédito, que no rotativo cobra juros de mais de 440% ao ano.
Os dados, que fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), foram divulgados pela CNC nesta segunda-feira (4). De acordo com José Roberto Tadros, a redução, mesmo que pequena, dos níveis de endividamento, expressam melhora nas condições econômicas do país.
“O progresso do mercado de trabalho, mesmo em menor escala, com a maior contratação esperada neste período de fim de ano, vem favorecendo os orçamentos domésticos, indicando que menos pessoas estão recorrendo ao crédito, pois estão conseguindo arcar com as dívidas correntes”, comentou. Sobre outubro, o percentual de famílias endividadas caiu 0,5%.
Aqui, se destaca a faixa de renda de famílias entre cinco e dez salários-mínimos, que foi em direção contrária ao número geral de endividados e teve alta no volume de pessoas em novembro – voltando ao mesmo patamar do mesmo período do ano passado.
INADIMPLÊNCIA
Já a inadimplência, que configura a situação de famílias que tem dívidas em atraso, ficou em 29% em novembro, afirma a entidade. O índice se mantém elevado, mas recuou 0,7% sobre outubro e 1,3% sobre outubro do ano passado.
Dentre os que estão inadimplentes, 5,6%, a maioria, são da faixa de baixa renda (até três salários mínimos).
“Agravando a situação de inadimplência, esses consumidores têm uma alta dependência de dívidas, comprometendo 31,9% de sua renda”, completa Tavares.
Os vencimentos com cartão de crédito ainda compõem a esmagadora maioria de dívidas rolando e em atraso. Do total de devedores, 87,7% devem para o cartão – um aumento significativo sobre o novembro do ano passado, quando o percentual ficou em 86,4%.
A CNC também apurou aumento no número de devedores com crédito consignado, de 0,5 ponto percentual (p.p.), e no financiamento imobiliário, de 0,4 ponto percentual.