Os brasileiros e seus familiares que estão na Faixa de Gaza esperando para serem repatriados tiveram que se deslocar de Khan Yunis para Rafah, mais ao sul, por conta do avanço dos tanques e dos bombardeios de Israel.
Rafah é a cidade mais próxima da fronteira com o Egito, onde estão saindo, de forma controlada por Israel, os estrangeiros.
Depois de conseguir resgatar 32 brasileiros e familiares, em uma operação que foi atrasada por Israel, o governo brasileiro apresentou uma nova lista de pessoas para serem repatriadas contendo 102 nomes.
As 74 pessoas que estavam em Khan Yunis foram transportadas de ônibus, alugados pela embaixada brasileira na Palestina, até Rafah. O deslocamento ocorreu no sábado (2).
Essas famílias ficarão em imóveis alugados pela representação brasileira até que possam atravessar a fronteira com o Egito e serem trazidas para o Brasil.
BOMBARDEIOS CONTRA CIVIS
Depois de ter destruído a região norte da Faixa de Gaza e matado mais de 15 mil pessoas, Israel começou a avançar sobre as regiões central e sul e dar ordens de evacuação.
Khan Yunis, já ao sul, tem sido alvo de bombardeios e de avanço terrestre das tropas israelenses. Na segunda-feira (4), uma coluna de tanques israelenses avançou em direção à Khan Yunis.
Somente na manhã desta terça (5) foi confirmada a morte de 40 palestinos por conta dos ataques contra Khan Yunis.
Segundo a Agência da ONU na Palestina (UNRWA), Israel já forçou o deslocamento de 1,9 milhão de pessoas na Faixa de Gaza, o que significa 85% da população que vive na região.
A UNRWA está abrigando, em 156 instalações, 1,2 milhão de pessoas, o que excede em 10 mil vezes a sua capacidade. Os bombardeios de Israel contra esses locais, que deveriam ser seguros, já matou 222 civis e deixou outros 911 feridos.
De acordo com a Agência, “os bombardeios das forças israelenses continuam após outra ordem de evacuação para transferir pessoas de Khan Yunis para Rafah. A ordem criou pânico, medo e ansiedade. Pelo menos mais 60 mil pessoas foram forçadas a mudar-se para abrigos já superlotados da UNRWA”.
“A ordem de evacuação força as pessoas a se concentrarem naquilo que é menos de um terço da Faixa de Gaza. Eles precisam de tudo: comida, água, abrigo e, sobretudo, segurança. As estradas para o sul estão entupidas”.
A própria ONU admite que esse é o maior deslocamento de palestinos desde 1948, quando ocorreu o Nakba, marco trágico na história da ocupação israelense.