“Os árabes se comprometeram a continuar investindo, não só na produção de minerais críticos, mas dispostos a atingir 10 bilhões de dólares em investimentos em empresas e projetos de infraestrutura no Brasil’, afirmou Fernando Haddad, ao lado do presidente
O presidente Lula comemorou no “Conversa com o Presidente”, desta terça-feira (5), os resultados da mais recente viagem internacional pelo Oriente Médio e pela Alemanha.
Em vez de ser o entrevistado, foi ele o âncora, o entrevistador, em boa parte do tempo. Pelas cadeiras do bate-papo passaram dez ministros e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Eles falaram sobre as visitas da comitiva brasileira à Arábia Saudita e ao Catar, trataram da passagem pela COP28, nos Emirados Árabes, e detalharam a agenda com a Alemanha.
“Volto desta viagem muito convencido, depois da quantidade de contatos que tive, de que o Brasil voltou a ser um país respeitado. Como é bom você perceber que as pessoas querem conversar com o Brasil. Ver como as pessoas querem investir. Elas querem discutir transição ecológica, energética, a questão climática”, resumiu o presidente.
“É importante que o Brasil aprenda a ser grande. É importante que aprenda a ser importante. É importante que aprenda a ser do tamanho que tem. A gente tem que ter grandeza naquilo que faz em uma relação democrática”, disse Lula.
Fernando Haddad, o primeiro a falar, comemorou as promessas de investimentos estrangeiros no Brasil. “Acho que ficou confirmada a percepção de que o Brasil tem vantagens competitivas que nenhum país tem num mundo com problemas sociais e ambientais”, disse. “Os árabes se comprometeram a continuar investindo, não só na produção de minerais críticos, mas dispostos a atingir 10 bilhões de dólares em investimentos em empresas e projetos de infraestrutura no Brasil’, afirmou o ministro da Fazenda.
“O Catar está começando o mesmo processo que a Arábia está concluindo. Na COP, o país foi celebrado e apresentamos programas com o BID para financiar a transição ecológica no Brasil. A Alemanha não poderia ter sido mais clara. Quer uma nova onda de investimentos, inclusive industriais, tanto em energia limpa quanto produção manufatureira”, destacou Haddad.
Conversa com o Presidente https://t.co/C6CqaG8xsM
— Lula (@LulaOficial) December 5, 2023
O ministro da Casa Civil, Rui Costa foi na mesma direção. “É visível a percepção, a vontade dos países árabes e na Europa de investir no Brasil”, disse ele. “Vale destacar que nossa visita não foi só de ministros e técnicos. Havia grupos de empresários, presença da Confederação Nacional da Indústria. Há muito interesse em projetos licitados pelo governo nas áreas de infraestrutura, transição energética, segurança alimentar e de parcerias empresariais”, afirmou Rui Costa.
Ele prosseguiu dizendo que “há grandes oportunidades com fundos de investimentos e agências de fomento de vários desses países. Tivemos a oportunidade apresentar o Novo PAC em detalhes, um projeto que pretende licitar algo em torno de 370 bilhões de dólares”, completou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comemorou os novos mercados para produtos agropecuários brasileiros. “O Brasil retomou a liderança e a boa diplomacia. Os laços de amizade. Com isso, se abriram oportunidades. Abrimos nada menos que 72 novos mercados para produtos brasileiros até este momento”, afirmou.
“Mercados que o Brasil não acessava”, destacou. “De carne suína e bovina para o México. De algodão para o Egito. De frango para Israel. E, onde já vendíamos, passamos a vender ainda mais. A Arábia Saudita já vinha com investimentos na pecuária brasileira, em participação em empresas de proteínas, e agora querem investir em grãos e fibras. O Catar deixou claro o interesse em assuntos referentes à segurança alimentar. Na COP, mostramos nossa capacidade de dobrar a produção com a conversão de áreas degradadas em áreas agricultáveis sem precisar avançar sobre florestas. Isso gera emprego e oportunidades”, afirmou Fávaro.
Já o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou os recursos liberados para a agricultura familiar. “Fizemos adaptações importantes no Pronaf. Conseguimos nacionalizar o apoio. Fazer com que se estenda a todo o território. Mostramos que os três programas de compra pública lançaram dinheiro novo, com R$ 1,5 bilhão para a alimentação escolar, R$ 1 bilhão para a aquisição de alimentos da agricultura familiar e R$ 120 milhões de assistência técnica e extensão rural”.
“O grande ganho na COP é o debate sobre o sistema agroflorestal. De casar a produção de alimentos com o reflorestamento. De trabalhar com o conceito de florestas produtivas. Um momento importante para consolidar a tese de que o reflorestamento dá resultado econômico para o pequeno agricultor”, disse Teixeira.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, mostrou os avanços do país na retomada dos investimentos na pesquisa científica. “Mostramos que estamos conectados à transformação digital. Vamos resgatar uma fábrica de semicondutores no país para fabricação de chips. Chips vão do smartphone à rastreabilidade da pecuária. Envolvem todas as cadeias produtivas”, afirmou.
Ela disse que, por agora, “não vamos ter a escala do leste asiático, mas vamos investir num nicho de mercado no setor automotivo e energético”. “Fizemos também um anúncio de uma linha de crédito em parceria com o BNDES de R$ 20 bilhões para transição energética. Não dá para fazer o enfrentamento ao aquecimento global sem tecnologia e ciência”, assinalou. “Na Alemanha, tratamos do laboratório de biossegurança que queremos implementar em Campinas. Será o único do hemisfério Sul capaz de manipular microorganismos e vírus com segurança. Ideia é usar a ciência e tecnologia para salvar vidar, gerar oportunidades e atender a questão do clima”, completou Luciana.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou a ampliação dos investimentos do banco na economia brasileira. Ele disse que os pedidos cresceram 96% em relação ao ano passado e as aprovações de projetos cresceram, segundo ele, 60%. Mercadante agradeceu a parceria do TCU que concordou com o parcelamento da devolução dos recursos para o Tesouro Nacional. “Investir ao invés de devolver recursos para abater na dívida”, disse.
Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, falou da criação de empregos. “Tivemos em dez meses 1,78 milhão de novos empregos formais, com carteira assinada. Na prática serão dois milhões até o fim do ano”, disse o ministro. “Estamos num processo importante de combate ao trabalho infantil e à escravidão e acordos com vários setores. Na Alemanha, “afinamos a viola” de um problema da Alemanha de trazer trabalhadores da enfermagem sem procedimentos, que tínhamos combinado em junho em memorandos”, prosseguiu.
Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou que “o Brasil chegou à COP protagonizando pelo exemplo. Enquanto a democracia sofre refluxos em vários cantos, o Brasil fortaleceu a democracia representativa e direta”. Esther Dweck, da Gestão e Inovação, afirmou que foi a Dubai para buscar as melhores informações para a COP 30 no Brasil, em 2025, em Belém (PA).
Em nome de Geraldo Alckmin, Márcio Elias Rosa, Secretário Executivo do MDIC, saudou os investimentos prometidos pela Alemanha. “Reencontramos a Alemanha para discutir investimentos. Temos estabilidade econômica, juros em queda, inflação sob controle, perspectiva de crescimento. Isso anima a atração de investimentos. Nas conversas, ficou claro que a Alemanha só vai produzir 50% do hidrogênio que vai consumir. O restante vai ter de comprar. E o Brasil já sai privilegiado nesse negócio”, afirmou.
“Estamos com juros em queda, crescimento econômico, tudo isso anima a atração de investimentos para o Brasil e sua indústria. No primeiro semestre, alcançamos a marca do segundo país em atração de investimentos estrangeiros”, completou Márcio Elias.
Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência, fechou o programa falando sobre tema da comunicação, das fake news e da desinformação no mundo. “A Alemanha tem experiência importante na área. Tivemos uma reunião de trabalho com o ministro equivalente da SECOM deles. Dali saiu um protocolo e uma série de iniciativas conjuntas. O presidente Lula tem dito que o tema da regulação das plataformas e como fazer isso sem afrontar a liberdade de expressão, num ambiente democrático, é internacional”, disse Pimenta.