PIB cresceu 0,1% no terceiro trimestre em comparação com o trimestre anterior. Agricultura, que puxou o primeiro trimestre, encolheu 3,3%. A indústria de transformação variou 0,1% e os investimentos caíram 2,5%
Com os juros altos e sem mais contar com o empurrão da safra agropecuária, a economia brasileira desacelerou no terceiro trimestre deste ano, com forte queda nos investimentos. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (5), o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, apresentou no terceiro trimestre de 2023 uma variação de alta de 0,1%, em relação aos três meses imediatamente anteriores (1%).
Em comparação com o trimestre imediatamente anterior, o PIB do Brasil cresceu 1,4% no 1º trimestre, 1% no 2º trimestre e 0,1% no 3º trimestre.
De janeiro a setembro, a economia brasileira acumula uma alta de 3,2% ante ao mesmo período de 2022. Em valores correntes, foram gerados R$ 2,741 trilhões no terceiro trimestre deste ano.
Com os juros altos do Banco Central (BC) travando a demanda de bens e serviços e os investimentos, a indústria e os serviços, que engloba também o comércio (+0,3%), cresceram ambos em apenas 0,6% no terceiro trimestre frente ao trimestre anterior.
Por atividade, a Indústria de transformação ficou praticamente paralisada, ao variar em um crescimento de 0,1%. Já a Construção teve uma queda de 3,8%.
Nos Serviços, houve crescimento na Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%), Atividades imobiliárias (1,3%), Informação e comunicação (1,0%), Outras atividades de serviços (0,5%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e Comércio (0,3%). Já os Transporte, armazenagem e correio tiveram queda de 0,9%.
A Agropecuária, que foi o setor responsável pela alta de 1,4% do PIB no primeiro trimestre, registrou um recuo de 3,3% no terceiro trimestre frente ao trimestre anterior.
Mesmo com o resfriamento da economia, o Banco Central, após colocar a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% em agosto do ano passado, ficando assim até o início de agosto deste ano, segue cortando os juros a conta-gotas, mantendo o Brasil entre os maiores pagadores de juros reais (descontado a inflação) do mundo.
“A única coisa que podemos dizer é que o corte de 0,50 ponto é o apropriado a seguir nas próximas duas reuniões. Depois disso, irá depender de várias coisas”, afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista ao canal asiático Bloomberg TV.
CONSUMO DAS FAMÍLIAS
No terceiro trimestre, o Consumo das Famílias apresentou um avanço de 1,1% e o Consumo do Governo cresceu 0,5% no trimestre analisado frente ao anterior
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, avalia que o crescimento do consumo das famílias está sendo influenciado por programas governamentais de transferência de renda, a continuação da melhora do mercado de trabalho, além da queda da inflação.
Por outro lado, “apesar de começarem a diminuir, os juros seguem altos e as famílias seguem endividadas.”, observou Palis. Ela destaca que “os juros reais ainda estão prejudicando o consumo das famílias, principalmente o [consumo] de bens duráveis”.
Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBC), os investimentos produtivos, em máquinas, equipamentos, fábricas, caíram 2,5%, também em relação ao trimestre anterior. Esta foi a quarta vez seguida de queda nos investimentos. Assim, a taxa de investimento (relação entre a FBCF e o PIB) ficou em 16,6%, o que é bem abaixo dos 18,3% registrados no ano passado.
“É um reflexo da política monetária contracionista, com queda na construção e também na produção e importação de bens de capital”, disse Rebeca Palis. “Todos os componentes que mais pesam nos investimentos caíram neste trimestre”.
ANTONIO ROSA