O que existe de mais falso nas pesquisas eleitorais que acabaram de sair é a inclusão de um elemento que não é candidato, como se candidato fosse.
Todo mundo sabe que Lula está preso.
Todo mundo sabe que ele foi condenado por receber propina da OAS – um triplex à beira do mar em Guarujá – para facilitar e encobrir o assalto à Petrobrás.
Todo mundo sabe que, por isso, na 13ª Vara Federal de Curitiba, o juiz Sérgio Moro sentenciou-o a 9 anos e 6 meses.
Todo mundo sabe que ele recorreu à segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Todo mundo sabe que o TRF-4, ao julgar o seu recurso, aumentou a sua pena, condenando-o a 12 anos e um mês pela propina do triplex e por lavagem de dinheiro roubado.
Portanto, Lula não é candidato, porque a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135) determina que os condenados em duas instâncias (na expressão da lei: “condenados por órgãos colegiados” – como é o TRF-4) são inelegíveis por oito anos.
Todo mundo também sabe que a Lei da Ficha Limpa, produto de um movimento popular, foi aprovada por unanimidade pelo Congresso, assinada pelo presidente da República – que chamava-se Luiz Inácio Lula da Silva – e julgada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
Somente na pantomina do PT, Lula é candidato. Ele mesmo sabe que não é, da mesma forma que a cúpula do PT. Daí o lançamento de Haddad e Manuela D’Ávila, com um candidato de mentira e outro meio de mentira, com sua vice (essa falcatrua é chamada pelos petistas de “estratégia triplex”, veja só o leitor…).
Ou seja, a “candidatura” de Lula é uma fraude, uma zombaria do povo ou uma tentativa de infringir mais uma vez a lei e desrespeitar a Justiça. Pode ser o que for, ou o que os petistas queiram, mas Lula não é candidato.
Então, se é assim, qual o sentido de colocar o nome de Lula em uma pesquisa eleitoral?
O efeito é, obviamente, deformar o resultado da pesquisa.
Somente para exemplificar:
Vamos imaginar que, nas eleições de 1930, disputadas entre Getúlio Vargas – cujo candidato a vice era João Pessoa, governador da Paraíba – e Júlio Prestes, algum instituto de pesquisa colocasse o Padre Cícero entre os candidatos a presidente. Imagine-se, então, o efeito dessa falsa candidatura do Padre Cícero na pesquisa no eleitorado da Paraíba (onde Getúlio teve 76% dos votos).
É claro que o resultado seria inteiramente deformado – e falso.
[Com uma diferença importante: o padre Cícero nunca foi condenado – muito menos em duas instâncias da Justiça, e muito menos preso – por roubo.]
Assim, colocar Lula em uma pesquisa eleitoral é, simplesmente, falsificá-la.
Somente para frisar esse aspecto: o verdadeiro candidato do PT, Haddad, tem apenas 4% das preferências na última pesquisa Datafolha, que tem uma margem de erro de 2 pontos percentuais. Esse é o eleitorado do candidato do PT – pelo menos, segundo o Datafolha.
Não é o único problema dessas pesquisas.
É evidente que o contingente de pessoas que, pelo menos por enquanto, não pretendem votar, está falseado. Daí a diferença, nesse contingente, entre a pesquisa “estimulada” e a “espontânea”.
Por exemplo, na última pesquisa Datafolha, nada menos que um terço dos pesquisados (33%) declarou que não tinha interesse algum nas eleições presidenciais.
No entanto, na pesquisa “estimulada” (aquela em que se mostra um disco com os nomes dos candidatos ao pesquisado) apenas 14% não escolheram candidato algum.
Ao mesmo tempo, essa percentagem dos que não têm candidato sobe para 55% na pesquisa “espontânea” (aquela em que apenas se pergunta em quem o pesquisado pretende votar).
Algo semelhante ocorre na última pesquisa Ibope: no resultado “estimulado”, a parcela dos que não pretendem votar, ou não se decidiram, é 22%. Na pesquisa “espontânea”, isso sobe para 49%.
É evidente que a “estimulação” está servindo para esconder a abstenção, que foi 20% nas últimas eleições presidenciais (mais exatamente, 19,4%).
Se foi assim em 2014, pode-se prever que será maior em 2018 – e as razões para isso são tão óbvias, que nos dispensamos de entrar nelas.
O efeito dessa subestimação dos que não querem – ou ainda não se decidiram a – votar é a inflação das percentagens de alguns candidatos, sobretudo daquele que não é candidato.
E, notemos, a campanha eleitoral nem começou.
C.L.
Hora do povo quanto a condenação do ex presidente Lula há controvérsia ou indivíduos desse jornal não lêem opiniões de centenas de juristas do Brasil e de outros paises acerca dessa condenação.
Vejam o que disse Joseph Politzer sobre o trabalho dos jornais e dos jornalistas pelo mundo afora com o tempo, uma emprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.
Lemos. Porém, preferimos as provas. Elas mostram que Lula roubou dinheiro do povo, recebendo propinas, no esquema mais corrupto da História do Brasil. Certamente, o leitor pode acreditar no que quiser. Mas sua crença não muda a realidade. E, por favor, não venha nos citar Joseph Pulitzer, fundador da “imprensa amarela” (traduzida, no Brasil, como “imprensa marrom”). A única coisa em que ele acertou foi quando disse que “a única profissão para a qual nenhum tipo de treinamento é necessário é a de idiota”.