Famílias divididas estão em desespero. O avião da FAB que trará o novo grupo já chegou ao Egito e aguarda a liberação. Israel autorizou alguns e impediu a saída de outros, sem o menor critério
A ditadura israelense volta a impedir que brasileiros deixem a Faixa de Gaza. Depois da demora em permitir a saída da primeira leva de brasileiros, Netanyahu agora está escolhendo, da lista apresentada pelo Itamaraty, quem vai sair e escapar de suas bombas e quem vai morrer sob os escombros provocados por ele no sul de Gaza.
Os familiares dos que foram autorizados estão em desespero já que os bombardeios estão se intensificando em Khan Younes, cidade mais ao sul de Gaza, onde se concentram centenas de milhares de pessoas questão estão sob ataque de Israel. O colunista Jamil Chade, do UOL, confirmou que o veto à saída de uma parte dos brasileiros veio do regime de Israel.
Depois de retirar no mês passado cerca de 30 pessoas de Gaza, após intensa pressão diplomática e política do Itamaraty, o Brasil apresentou às autoridades de Israel e do Egito uma segunda lista de brasileiros e parentes palestinos que gostariam de sair da região que está sob intenso ataque de aviões e tanques israelenses.
O avião da FAB que trará o novo grupo já chegou ao Egito e aguarda a liberação, cuja data ainda não foi anunciada. O Itamaraty conseguiu concentrar 85 brasileiros e familiares próximos em Rafah, retirando quase todos eles dos locais mais intensos da guerra, como Khan Younes. Hasan Rabee, brasileiro que deixou Gaza em outubro, relatou que sua família está hoje numa situação complicada. “A embaixada do Brasil ligou para minha família. Minha mãe e uma das minhas irmãs foram aprovadas. Mas outra irmã não foi”, disse ele.
Segundo ele, outras famílias estão vivendo o mesmo drama nesta sexta-feira. “As famílias estão sendo divididas. Minha casa foi bombardeada em Khan Younes e deram um barraco para viver na rua. Como será agora? Como funciona isso?”, insistiu. “Precisamos saber o motivo”, disse. Segundo ele, sua família não recebeu explicações. “Nada é dito sobre como essa decisão foi tomada”, lamenta Hasan.