Em Assembleia Nacional, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) aprovou que os núcleos da entidade ampliem as ações em defesa do povo palestino e em repúdio ao bloqueio norte-americano a Cuba
“Não pode haver paz com a continuidade do regime de apartheid imposto pelo Estado de Israel, com o apoio, como disseram muitos aqui, do imperialismo norte-americano”, declarou a ex-presidente do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, em sua intervenção nos debates da Assembleia Nacional do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz) realizada neste domingo, 10.
Socorro foi calorosamente aplaudida ao convocar os participantes da Assembleia Nacional do Cebrapaz a “ampliar o trabalho e a nossa capacidade de atrair um maior conjunto de forças por um anseio nobre de toda a humanidade que é a paz”.
“Sem nunca deixar de lado a nossa solidariedade para com o heroico e exemplar povo cubano devemos perceber que, assim como foi o apoio mundial aos que lutavam pelo fim do apartheid na África do Sul, a libertação do povo palestino do jugo e da ocupação israelense é uma questão definidora para a afirmação da humanidade”, enfatizou.
O debate da Assembleia Nacional do Cebrapaz teve, como questões predominantes, o repúdio ao bloqueio norte-americano a Cuba, que esteve representada pelo cônsul-geral de Cuba em São Paulo e a solidariedade ao povo palestino.
LUTA CONTRA O IMPERIALISMO ASSUME CONOTAÇÕES MAIS RADICAIS
A busca da compreensão do significado deste momento vivido pelo povo palestino no contexto de decadência do imperialismo, norteou a participação de Carlos Lopes que representou a presidente do PCdoB, Luciana Santos no encontro: “A luta contra o imperialismo em sua atual fase mais decadente e degenerada assume aspectos mais radicais. Então, dizer que o Hamás é um ‘grupo terrorista’ por conta de sua ação contra o Estado de Israel é desconhecer a realidade dessa luta anti-imperialista e anticolonial nesta fase da humanidade. É só ver as formas assumidas na luta do povo argelino pela sua libertação. O filme de Gilo Pontecorvo ‘A batalha de Argel’ retrata isso. Também ali, os franceses diziam que os argelinos, exerciam ‘terrorismo’. Já naquela época, a ideologia que coesionou os argelinos contra o colonialismo francês foi o islamismo”.
“A guerra de libertação da Argélia teve grandes figuras, como Ben Bella, Franz Fanon, lideranças que ficaram na história e foi uma luta que marcou a libertação da África e influiu inclusive na luta em nosso país”.
“Por outro lado”, prosseguiu Carlos Lopes, “o que o Estado de Israel, fruto da ideologia colonial sionista, está perpetrando em Gaza não é simplesmente uma nova Nakba, é de uma aberta limpeza étnica que não tem diferença de qualidade com o que os nazistas fizeram na Frente Oriental. É só ver a ordem de Hitler às tropas regulares para atirar nos civis. Com a clara intensão de despovoar e ocupar o espaço onde viviam aquelas populações”.
“Quando eu digo que o imperialismo está vivendo seus últimos dias, quer dizer que amanhã vai terminar? É claro que não, o que estou dizendo é que a decadência é maior e, é claro também, que quanto mais decadente, mais agressivo fica, assim como os ratos acuados e nosso papel é matar o rato e é isso que estamos nos preparando para fazer”, finalizou.
“A CAUSA PALESTINA É DE TODA A HUMANIDADE”, AFIRMA O EMBAIXADOR AL ZEBEN
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, chamou a atenção do plenário para os números da ação de extermínio israelense em Gaza. “Em perto de 70 dias já foram mortos perto de 18.000 civis palestinos, a maioria mulheres e crianças, na Faixa de Gaza”.
“Enquanto a atenção do mundo se volta para o que está acontecendo em Gaza, o aparato de ocupação ataca os palestinos na Cisjordânia, desde o 7 de outubro já morreram 250 palestinos nesta região atingidas pelas balas israelenses e com a prisão de milhares já chega a 8.000 o número de palestinos privados de liberdade nas prisões israelenses”, acrescentou.
“Esse encontro é uma manifestação de solidariedade a todo o povo palestino. Esse apoio firme de tantas lideranças brasileiras vindas de todos os recantos do Brasil nos dá muita esperança e a certeza de que a causa palestina vencerá por que é, cada vez mais, uma causa de toda a humanidade. Diante da agressão que o povo palestino está sofrendo, nossa decisão é de que não temos outra saída que a de seguir resistindo, lutando por nossa independência e pela paz baseada nas resoluções e no direito internacional”, declarou ao jornal Hora do Povo o embaixador Ibrahim Al Zeben, que concluiu: “Tanta dor, tanto sangue e tanto sofrimento devem servir de alguma forma de estímulo de combustível para que a ânsia de viver em paz se torne perene”.
CÔNSUL DE CUBA CONDENA “CRIMINOSO BLOQUEIO DOS EUA”
“A Assembleia Nacional do Cebrapaz se constituiu em uma demonstração de solidariedade com os povos oprimidos, muito em particular com Cuba e com o povo palestino”, destacou o cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón.
Grato, o cônsul, destacou que “o Cebrapaz sempre respaldou ativamente a Cuba frente ao persistente bloqueio criminoso dos EUA que já dura mais de seis décadas”.
“O que fica implícito na justificativa usada pela política exterior dos EUA deriva daquilo que tem representado Cuba para a América Latina e o mundo, coisa que o imperialismo não aceita”, acrescentou Monzón.
“Cuba rompeu o esquema de dominação hegemonista norte-americano no hemisfério ocidental. Cuba constitui uma alternativa de justiça social frente a desigualdade e exploração capitalista e, em particular, frente à desastrosa situação social, econômica e política dos próprios Estados Unidos”, destacou.
“A política exterior solidária de Cuba contrasta abertamente com a política exterior dos EUA, que se apoia na violência e agressões armadas.
“Justamente, agora que é quando se faz mais necessária a solidariedade internacional, no momento em que se desenvolve uma agressão de extermínio contra o nobre e sofrido povo palestino, cujos protagonistas são Israel e Estados Unidos, Cuba sempre apoiou e segue apoiando o povo palestino ativamente. Nós cubanos estamos dispostos a tudo contra esta invasão ultrajante que persiste em meio a uma impunidade internacional muito preocupante.
“Que seja detido já o massacre em Gaza. Façamos o que for necessário para lograr este objetivo”, conclamou o cônsul cubano.
NOVA DIRETORIA
A nova diretoria eleita com José Reinaldo no cargo de presidente foi apresentada pelo vice-presidente Weverton Brito e defendida pelo presidente Jamil Murad que agora entrega o cargo a José Reinaldo:
“Essa nova diretoria condensa todo o trabalho e o crescimento do Cebrapaz desenvolveu em favor de uma paz que seja o resultado da luta dos povos por se libertar do imperialismo e do envolvimento com a solidariedade internacionalista. A maior prova disso é termos tido a nossa presidente, Socorro Gomes escolhida para presidir o Conselho Mundial da Paz.
“É uma diretoria escolhida em um momento de muita responsabilidade e cujo centro deve ser o de mobilizar a sociedade brasileira para a maior solidariedade possível e o profundo repúdio contra o genocídio do povo palestino que o Estado de Israel vem perpetrando.
“Dizemos isso percebendo, no entanto, que as manifestações por todo o mundo, inclusive dentro dos Estados Unidos demonstram que projeto excludente, racista e colonialista de Israel é um projeto derrotado por que essa é determinação dos povos de todo o planeta.
“Esse é o desafio que se coloca diante do Cebrapaz que só tem um caminho a percorrer que é a solidariedade aos povos com o centro na luta incansável do povo palestino e no repúdio ao bloqueio que o povo irmão de Cuba vem sofrendo por parte dos Estados Unidos contra todas decisões que envolvem a grande maioria dos países da ONU pelo fim desse insano bloqueio”.
O ato foi finalizado com pronunciamento do presidente eleito na Assembleia do Cebrapaz, José Reinaldo.
“À PAZ COM O FIM DA DOMINAÇÃO IMPERIAL”, DESTACA O NOVO PRESIDENTE DO CEBRAPAZ
O novo presidente ressaltou a responsabilidade do sua nova função de presidente do Cebrapaz e disse que vai procurar atuar em conjunto com os integrantes da nova diretoria, destacando que os que o integram precisam ter claro que “não devemos esquecer que a nossa solidariedade internacional é lastreada em nosso patriotismo e que o apoio aos povos que resistem ao imperialismo e ao colonialismo – como faz agora o povo palestino – se dá com base na luta que o povo brasileiro precisa travar para se libertar dos aspectos de dominação colonial que, também aqui, travam o nosso desenvolvimento e o bem-estar do nosso povo. Sem essa base firme não há como apoiarmos de forma sincera e profunda a luta de todos os povos contra as diversas formas de guerra imperial para a verdadeira conquista da paz que deve se dar com o avanço na libertação desse jugo, que leva o Estado de Israel a receber apoio norte-americano para massacrar o povo palestino durante 70 dias em uma sanha destruidora que espalha bombas e morte por todos os cantos da Faixa de Gaza.
José Reinaldo, ao ser eleito presidente, proclamou: “Viva o Brasil! Viva a solidariedade internacionalista! Abaixo o bloqueio criminoso norte-americano contra Cuba! Viva a luta do povo palestino!