Delegado da PF rebateu defesa de Renato Cariani e afirmou que influencer e sócios sabiam de desvio: “Não há cegueira”
A Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira (12) uma operação contra o tráfico de drogas e o desvio de produto químico usado na produção de crack.
De acordo com os investigadores, o principal alvo da operação é a empresa Anidrol, uma indústria química localizada em Diadema, Grande São Paulo, e tem como sócio o influenciador fitness Renato Cariani. Ele, além de bolsonarista declarado, que possui mais de 7 milhões de seguidores, também é alvo de busca.
Na operação da PF, ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Paraná. O grupo é suspeito de desviar toneladas de um produto químico para produzir entre 12 e 16 toneladas de crack.
Em entrevista à GloboNews, o delegado da Polícia Federal (PF) Fabrizio Galli afirmou que o influenciador fitness Renato Cariani e seus sócios tinham “conhecimento pleno” do desvio de produtos químicos para a produção de crack e cocaína.
“Os sócios tinham conhecimento pleno do desvio de produtos químicos. Há diversas informações bem robustas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente. Não há uma ‘cegueira deliberada’ em relação a outros funcionários. Eles tinham conhecimento daquilo que estava acontecendo dentro da empresa”, afirmou Galli.
De acordo com o delegado, a droga produzida seria distribuída para os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Cariani foi notificado nesta terça das investigações, e deve se apresentar à PF para prestar esclarecimentos.
“Todos os envolvidos e que sofreram busca e apreensão hoje serão ouvidos na PF. O material apreendido será analisado, e vamos solicitar as próximas medidas ao Judiciário assim que tivermos as informações feitas”, disse Galli.
A PF estima que no mercado interno brasileiro o quilo do crack seja vendido entre US$ 3 mil e US$ 5 mil. A operação é realizada em conjunto com Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal.
A investigação começou em 2022 depois que uma empresa farmacêutica multinacional avisou a PF de que havia sido notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas não declaradas em seu nome com pagamento em dinheiro.
A farmacêutica alegou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e que desconhecia os depositantes.
A partir de tais informações, a Polícia Federal iniciou a investigação e identificou que entre 2014 e 2021 o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas grandes de forma fraudulenta: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. A PF pediu prisão dos envolvidos, o Ministério Público foi favorável, mas a Justiça negou.