Aos 94 anos e depois de mais de 40 de busca incansável para encontrar a sua neta Clara Anahí, sequestrada pelos genocidas da última ditadura da Argentina (1976 – 1983), faleceu na cidade de La Plata a fundadora do movimento Avós da Praça de Maio, María Isabel de Mariani, conhecida por todos como Chicha. Estava internada há dez dias após sofrer um AVC.
Clara foi sequestrada no dia 24 de novembro de 1976, aos três meses de idade. Na ocasião, sua mãe, Diana Teruggi, foi assassinada com mais três militantes do grupo Montoneros. Oito meses depois, assassinaram o pai da menina.
Durante a procura por sua neta em hospitais, delegacias, entidades sociais, Chicha soube da incipiente existência de Mães da Praça de Maio. Junto com mais 10 outras avós que estavam na mesma procura, fundou em novembro de 1977 a organização Avós da Praça de Maio, da qual foi presidente.
“Nos despedimos com enorme tristeza de quem foi companheira das Avós e atual presidente da fundação ‘Clara Anahí’. Uma mulher fundamental no início da busca dos meninos e meninas apropriados pelo terrorismo de Estado e um símbolo da luta pelos direitos humanos”, disse a entidade, em comunicado.
Também a saudaram netas e netos recuperados, Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, outras personalidades de direitos humanos, deputados e senadores nacionais.
Até agora, após 40 anos de intensa luta e pesquisa que inclui complexos estudos de DNA, as Avós da Praça de Maio conseguiram descobrir a identidade de 128 dos 500 bebês que foram sequestrados durante a ditadura.
Em situação que provocou o repúdio da maior parte da sociedade argentina, perto do velório de Chicha a polícia da província de Buenos Aires reprimiu brutalmente centenas de trabalhadores do Estaleiro Río Santiago, que protestavam contra o fechamento que o governo de Mauricio Macri tenta realizar. Vários trabaladores ficaram feridos e outros foram detidos quando do ato pacífico.