Empresa com um só funcionário adquire 122 blocos de petróleo com aval da ANP

Empresa de "um homem só" arrematou 99 blocos na Bacia Potiguar. Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi

Com capital de apenas R$ 50 mil, recursos estimados para exploração chegam a R$ 400 milhões. A empresa que arrematou a maior parte dos blocos (192) do leilão realizado na quarta-feira (14) foi criada há apenas 4 meses

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entregou 122 dos 192 blocos de petróleo, ofertados em  leilão na quarta-feira (14), para Elysian Brasil Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, uma “microempresa” sem funcionários e que foi criada há apenas quatro meses – alguns dias do prazo final para a inscrição no leilão.

Elysian Brasil tem ainda a sua sede em coworking (um espaço físico que é compartilhado por empresas e freelancers), localizado na Rua dos Guajajaras, no Centro da capital mineira. Esse empreendimento está cadastrado como microempresa na Receita Federal e foi aberto com capital social de R$ 50 mil.

O dono deste empreendimento é Ernani Machado, que é presidente da JMM Tech, uma empresa ligada ao ramo tecnológico. “Criei a empresa justamente para participar do leilão”, afirmou Machado, após o leilão à jornalistas.

O “microempresário”, sem nenhuma experiência no setor de óleo e gás, arrematou sozinho quase dois terços dos blocos oferecidos pela ANP. Ao todo, foram 99 blocos terrestres de petróleo na Bacia Potiguar, 13 na Bacia Sergipe-Alagoas e 10 na Bacia do Espírito Santo. Todos adquiridos  por R$ 51 mil cada, sendo R$ 1 mil a mais que o lance mínimo previsto pelo leilão.

O investimento total a ser feito nos ativos adquiridos no leilão é estimado em R$ 400 milhões. “Eu vi que o mínimo para se fazer ofertas era R$ 50 mil e coloquei mais R$ 1 mil por lance”, declarou Machado, que foi ao leilão vestido com um terno xadrez e gravata amarela.

Juntos, os blocos somaram um bônus de R$ 12 milhões, que segundo o próprio Ernani, devem receber investimentos da ordem de R$ 400 milhões. Machado disse que a sua empresa conta com capital próprio, mas não tem funcionários e que contratou sete consultores que o prepararam para o leilão e para a entrada no setor de petróleo.

Questionado sobre a Elysian, o diretor geral da ANP, Rodolfo Saboia, disse que a empresa apresentou as garantias exigidas e atendeu as exigências do edital de licitação, e que, agora, a ANP acompanhará mais próximo as etapas após o leilão, de desenvolvimento do programa de exploração mínimo.

“Agora, começa uma segunda etapa. Todas as empresas vão passar por um processo de qualificação técnica e econômico-financeira de forma a comprovar que tem a capacidade de aplicar os recursos comprometidos para os investimentos. Não vejo motivo de preocupação”, declarou Saboia.

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