Ministro da Educação no governo Bolsonaro é investigado por faltas sem justificativa em universidade federal
A CGU (Controladoria-Geral da União) abriu, na quarta-feira (20), processo disciplinar contra o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub.
Ele é professor de ciências contábeis na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e é investigado por abandono de cargo. Em abril, teve o salário suspenso pela universidade.
O documento assinado pelo corregedor-geral da União foi publicado no DOU (Diário Oficial da União), desta quarta-feira, e as apurações têm um mês para serem concluídas.
Demitido do Ministério da Educação em 2020, Weintraub foi indicado por Bolsonaro para diretoria no Banco Mundial, nos Estados Unidos. Na época, ele recebia salário de R$ 116 mil.
No fim do governo do ex-presidente Bolsonaro, Weintraub rompeu com o ex-chefe do Executivo e prometeu votar nulo no segundo turno das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor.
O ex-ministro chamou o bolsonarismo de “corrupto e totalitário” e não conseguiu se eleger deputado federal.
GESTÃO DESASTROSA
A gestão de Weintraub, que deixou o governo em 18 de junho de 2020, após pouco mais de 14 meses à frente do MEC (Ministério da Educação), foi marcada por polêmicas e projetos parados.
Durante a gestão, o governo sofreu derrotas no Congresso, houve ausência de diálogo com redes de ensino e falta de liderança nos rumos das políticas da área — inclusive durante a pandemia do coronavírus.
A postura truculenta e de alto teor fascista de Weintraub sempre agradou ao então presidente Jair Bolsonaro e a militância mais fiel ao governo. Por ironia, foi também a disposição dele para o confronto que provocou a saída do governo, após ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal).
VAGABUNDOS
Numa reunião ministerial em 22 de abril 2020, Weintraub defendeu que o governo devia ser mais duro contra os opositores, sugerindo perseguir quem não era aliado do governo.
“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF…”, disse.
“A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o… eu realmente tô aqui de peito aberto, como cês sabem disso, levo tiro… odeia… odeio o partido comunista (…)…”, prosseguiu.
CARREIRA MEDÍOCRE
Professor universitário de carreira curta e tímida, sem experiência em educação, Weintraub chegou ao MEC por indicação da chamada “ala ideológica” do governo.
Ele e o irmão Arthur — que foi assessor presidencial —, aproximaram-se da família Bolsonaro ainda na campanha eleitoral, levando ideias sobre a Reforma da Previdência.
Também nessa época ficaram próximos de Onyx Lorenzoni (União Brasil-RS), que foi ministro da Cidadania e que até fevereiro de 2020 controlava a Casa Civil da Presidência da República. Weintraub assumiu, no início do governo, a secretaria-executiva da Casa Civil.
PERSONA AGRESSIVA
No MEC, apostou nas redes sociais para moldar a persona agressiva e fascista, em detrimento da exposição de realizações da pasta.
Por outro lado, conquistou apoiadores e se colocou como nome de destaque entre a militância mais alinhada ao então presidente da República, sendo apontado, na ocasião, como possível candidato nas próximas eleições.
O ministro ganhou notoriedade ao publicar, em 3 de maio de 2019, vídeo em que exibia o ombro para mostrar cicatriz da juventude. Foi a forma de justificar notas baixas no boletim da faculdade, divulgado por detratores em redes sociais.